segunda-feira, 19 de março de 2012

Por que aprender tabuada, papai?

Uma coisa que muitos estudantes, crianças ou não, devem se perguntar é: por que cargas d’água, quando somos crianças, temos que decorar tabuada?
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Não vou nem dizer “aprender”, embora seja, pois o exercício da memória faz parte do aprendizado. Temos que decorar mesmo. Enquanto crianças, importante frisar.
Não vou falar aqui das dificuldades em matemática de alunos do 1º, 2º ou 3º anos, que insistem em querer utilizar a calculadora nos exercícios e nas provas de matemática.

A calculadora é um mal, mal que vicia. Já vi aluna do 3º ano do ensino médio fazendo conta do tipo 3x8 na calculadora. Que dificuldade uma pessoa pode ter em realizar o cálculo 8+8+8? Puro vício! Dependência! Pensa que não consegue fazer. A pessoa fica burra mesmo. 
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Vamos falar das dificuldades de um aluno da 6ª série. Afinal, a tabuada deve ser aprendida nas séries iniciais do ensino fundamental, na 6ª série, ou 7º ano, deve tudo já estar, senão na ponta da língua, na ponta do lápis e na mente. Lá na frente você vai ver que não decorou tudo, e sim, aprendeu como se faz.

Vamos pra 6ª série.

Na 6ª série o aluno aprende a resolver equações, tem seu primeiro contato com esse tipo de operação matemática. Ele não vai decorar: o que tá positivo, passa pro outro lado  negativo;  o que tá negativo, passa pro outro lado positivo; o que tá dividindo, passa multiplicando; o que tá multiplicando, passa dividindo. Ele vai aprender a balancear a equação; que toda equação tem dois membros equilibrados pelo sinal de igualdade. Vai eliminando um elemento de cada vez do primeiro membro até sobrar só o x. Acho que isso vocês não precisam aprender aqui, já devem saber.

E o aluno aprende a resolver uma equação... Não é difícil. Todo aluno aprende. Agora, se ele não tiver aprendido tabuada, de nada vai adiantar ele saber como resolver uma equação, se ficar errando continha.

Na imagem abaixo vocês veem um exemplo prático disso, o aluno sabia como resolver a equação, só errou as continhas...

A propriedade distributiva da multiplicação ele acertou (1ª linha). Se ele não tivesse errado “21 menos 6” (3ª linha) – que  talvez tenha errado por desatenção, ou não, pois não foi o único erro da prova – e depois ainda errou “27 dividido por 3” (5ª linha), se não tivesse errado essas continhas teria resolvido tranquilamente sua equação. 

Perdeu pra tabuada.
Perdeu pra continha.
Perdeu playboy. Perdeu. 

E assim os alunos chegam no ensino médio, quando têm que aprender função, análise combinatória, geometria espacial, estatística, etc. Se não se cuidarem, acabam perdendo pra continha!

Um abraço!
Prof. Nairo Bentes

quarta-feira, 14 de março de 2012

Paradoxo na classe trabalhadora: Professores em greve e alunos prejudicados.


Quando se fala em greve de professores, não existe maior polêmica do que responder a questão: “e aí, como ficam os estudantes que infelizmente estudam em colégios públicos?”. Primeiramente, é oportuno dizer, não inventei esta frase da minha cabeça, a vi no facebook de um amigo, hoje, quando indagado por um aluno se este ano, 2012, teria greve novamente, uma aluna lançou este questionamento.
“Infelizmente.”
“Infelizmente.”
“infelizmente.”
Esse “infelizmente” ficou martelando a minha cabeça...
Do lado dos trabalhadores em educação, existe uma maneira simples de interpretar a necessidade de uma greve. Se, por exemplo, utilizarmos a situação atual para justificar uma greve. O governador Simão Jatene, se recusa a pagar o piso nacional do magistério estipulado por lei, hoje o equivalente a R$ 1451,00. Como o governador se recusa, os trabalhadores em educação, organizados, paralisam suas atividades para pressionar o governo a negociar e pagar o piso na sua integralidade. Governo e trabalhadores não entram em acordo, e a greve se prolonga...
“infelizmente.”
“infelizmente.”
“infelizmente.”
Os estudantes, em sua maioria, não acham a greve saudável, não que não concordem, eles até ‘entendem’ que os professores tem os seus direitos e tal... mas se sentem prejudicados pela paralisação  das atividades escolares. Embora, nas atividades do Sintepp apareçam alguns representantes de entidades estudantis, são apenas uma ‘vanguarda’ que não consegue esclarecer a base de suas ideias.
Alguns alunos questionam. Querem passar no vestibular. Estudar!
Alguns professores dizem que estes alunos 'questionadores' são os que menos querem assistir aula.
Alguns alunos dizem que os professores não pensam neles. Que os professores são vagabundos.
Os professores, quando retornam às atividades, ouvem dos alunos que não era pra greve ter acabado...
“Quando vai ter greve de novo professor?”
Os alunos perguntam pros professores se eles ganharam alguma coisa.
Alguns professores ficam pensando como vão dizer pros alunos aquilo que a vanguarda do sindicato lhes explicou: “Foi uma vitória política!”
Alguns professores grevam em casa. Isso enfraquece. Mais importante que a paralização das atividades, é o povo na rua.
Na verdade, todos deviam ir para a manifestação: professores, funcionários, alunos e pais.
Mas quem os conscientiza?
Os alunos entendem que a greve é só porque os professores querem aumentar os seus salários.
Como os alunos vão pra rua, se eles “infelizmente estudam em colégios públicos”?
“infelizmente.”
O governo se desgasta?
Um pouco.
A intenção era essa?
Acho que não.
O calendário atrasa?
Muito.
Oh, nobre revolucionário proletário! Quem é prejudicado, o Estado Burguês, a burguesia, ou a Classe Trabalhadora?
Resposta: Nossa ‘Classe em si’, justamente por ser ‘em si’. Pois se fosse ‘para si’, colocaria milhões de pessoas nas ruas, não haveria professor chamando aluno de vagabundo, nem aluno chamando professor de preguiçoso. Não haveria professor grevando em casa, e nem aluno torcendo para a greve não acabar.
Precisamos encontrar uma melhor maneira de nos organizar, não sem greve, mas, com uma consciência de classe que nos permita uma organização mais massiva e reflexiva.
Estando sempre abertos ao diálogo, deixem suas impressões.
Um abraço.
Prof. Nairo Bentes