quarta-feira, 25 de novembro de 2015

"Hoje você é quem manda, falou, tá falado! Não tem discussão! (Não!)

Esse verso de Chico, em Apesar de você (1970), hoje expressa qual o sentimento da categoria de trabalhadores em educação no Estado do Pará.

Resumindo, fizemos uma greve de 73 dias corridos em 2015, com a qual o Governo Jatene - além de deixar as escolas caindo aos pedaços do jeito que estão - desconta desde junho os dias parados pela categoria dos trabalhadores que aderiram a greve. Segundo o Governo, o desconto total a ser colocado na folha dos trabalhadores em Educação chegaria a 45 milhões.Também segundo o Governo, já foram descontados 16 milhões, faltando 29 milhões. E aí, vem a proposta indecente do Governo com um tom de "Pegar ou largar", na voz de Alice Viana.

O Governo deve para a categoria, segundo ele próprio, o montante de 100 milhões de reais. Na proposta do governo a matemática é simples.

- Se vocês ainda nos devem 29 milhões, que vocês vão pagar compulsoriamente até junho de 2016, e nós lhes devemos 100 milhões, que não temos perspectivas de lhes pagar. Descontamos uma dívida da outra.

Os trabalhadores deixariam de "dever" para o Governo, e o Governo continua devendo para os trabalhadores.

O julgamento de abusividade da greve 2015 seria suspenso, pois, logicamente, a categoria aceitando descontar uma "dívida" da outra, aceita politicamente os descontos e, tacitamente, assume a greve como abusiva.

Ganhos não tem, recuo do governo também não. O Governo aparece e prepondera enquanto opressor, "que inventou a tristeza" e ainda posa de bonzinho, querendo parecer que está tendo "a fineza de desinventar".

Porém, não! Está massacrando e humilhando. Fazendo a categoria, que reconhecidamente mais faz enfrentamento aos Governos neste Estado, baixar a cabeça...

"falando de lado, e olhando pro chão, viu!"

Infelizmente é isso que tenho a escrever, mesmo ponderando todos os argumentos dos companheiros trabalhadores a favor do acordo, "de que a categoria está cansada dos descontos", de que isso "representa um recuo do governo", na assembleia, o recado foi:

"Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos"
(Desalento, Chico e Vinícius, 1970)

E vem na memória, a fala daquele dirigente:

"Esse Governo é forte"
Esse Governo é poderoso!"
(Greve 2015)

"E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a deus por minha gente"
(Gente humilde, Chico e Vinicius, 1969)

E a nossa luta, que sonha em ser classista, se perde, e é cada vez mais economicista.

Belém, 25 de novembro de 2015.

Nairo Bentes

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

"Tem dias que eu fico pensando na vida, e sinceramente não vejo saída..."

Ao acordar, bom dia!
Tempo muito corrido que vivemos ultimamente. “Vivemos”? Quem? Todos que leem! Temos amigos do peito que se confundem com conhecidos de dizer “oi” num cruzamento por um corredor. No facebook tudo é igual. E nem tudo é real. E por isso que eu fui ali, comprei uma caixa de tijuca.
E aí... ao beber, melhor que teclar, que “zapear”.
Sabe aquele samba?
E aquele outro?
E essa correria?
“E quase sempre pairam sensações...”
Desce uma,
                desce duas,
                               Desce mais....
Desce aquela água ardente, aquela caramelada. Sim, nós podemos!
Para lembrar daquelas aguardentes à “se comemorar nos feriados, nas avenidas da vida, nas travessas botequins, nas ruas de samba, nas rodas de bambas.”
Pra se lembrar daquela catuaba bebida com prazer... e que talvez hoje nem deveria descer.
                               Desce sim!
E aquele pôr-do-sol ouvindo a voz da professora do Charlie Brown?
Toca mais um samba,  e pode falar “bora marcar!”, pois se não for amanhã, vai ser depois de amanhã!


Belém, 06 de novembro de 2015.
Nairo Bentes