domingo, 23 de agosto de 2009

Sobre a luta da Associação dos Concursados e o Governo Popular

Essa semana acompanhei as movimentações da Associação dos Concursados do Pará (Asconpa), entidade que luta pela nomeação dos milhares (e não milhões) de trabalhadores que fizeram concurso público no Estado do Pará. Reúnem-se trabalhadores aprovados em diversos Concursos Públicos, Seduc, Sedect, Renato Chaves, Prodepa, e outras Secretarias do Estado. Inicialmente uso as palavras do companheiro, Presidente da Associação, José Emílio Almeida, que diz que, “foi um avanço do Governo Ana Júlia, realizar diversos concursos públicos, porque os governos anteriores nem isso faziam”, e completo dizendo que além desse avanço tivemos outros avanços, na Educação inclusive, com melhorias nas condições de escolas, claro que não podemos esquecer dos conflitos do Governo com os profissionais da Educação, porém isso é um debate bem mais amplo, que envolve, questionamentos sobre categoria, partidos políticos e organização estratégica de mobilização de uma greve. Não vou aqui omitir o restante das palavras do Companheiro Emílio, para não ficar como uma manipulação de informações, Emílio conclui que apesar deste avanço do governo, em promover mais concursos, ele não cumpre com a constituição ao não nomear os aprovados e classificados. Novamente concordo com a afirmação, realmente a legislação deve ser cumprida, e se há concursados para chamar, deve-se demitir os temporários que ocupam ilegalmente os cargos públicos e nomear servidores concursados. Essa semana o movimento teve importantes avanços, garantindo o apoio do Poder Legislativo e Judiciário do Estado. Na Assembleia Legislativa, os Deputados Estaduais votaram por unanimidade, a assinatura de requerimento, destinado a Governadora, exigindo que medidas legais sejam cumpridas. Parabéns aos que estão lutando por seus direitos e pelos direitos dos mais de 8 mil concursados que esperam nomeação.

Não posso deixar de lamentar aqui a postura de cidadãos que aproveitam-se de movimentos como esse, que lutam por justiça, para tirar proveito e desgastar a imagem do Governo Popular, não sou contra posicionamentos de oposição, é até importante as pessoas mostrarem suas posições contrárias, há de se analisar porém, que um Governo é algo muito mais amplo do que aquilo que nos cerca, que nos atinge. Todavia, o que não pode acontecer é cidadãos aproveitarem-se de pessoas que lutam por justiça pra transformar os atos e mobilizações em uma batalha eleitoral. Aos Gritos de: “Ô Ana Júlia, que papelão, perdeu a Copa e vai perder a eleição” solitários militantes pseudo-socialistas tentaram distorcer o objetivo da luta da Associação dos Concursados do Pará. Não que este não possa ser o posicionamento da maioria dos associados, entretanto não é a bandeira da luta da Associação. A única bandeira da associação, e esta que une os trabalhadores, é a luta pela nomeação justa dos cidadãos aprovados em concursos públicos. Posicionamentos de campanha eleitoral devem ser colocados em outro local.

Por fim, gostaria de ratificar o que o Camarada Érico Albuquerque, proferiu em uma reunião com professores da rede pública do Estado, “Não é interesse nosso, da CTB e do Partido Comunista do Brasil, que lutamos pelo socialismo, que o Governo Popular dê errado, se este governo der errado, teremos a volta do PSDB, vamos ter Mário Couto, Jatene...e nós não queremos isso, isso seria um retrocesso na nossa luta, temos sim que fazer que esse governo dê certo, para avançarmos ainda mais, na busca de um governo para o povo”. E sabendo que o PT não faz um governo para o o povo ainda, devemos colaborar na construção de um projeto político que seja continuado, e que não seja interrompido.

Parabéns aos avanços na luta dos concursados, continuarei na luta ao lado de vocês enquanto a bandeira da associação for a justiça e a nomeação dos concursados. E assim como eu, eu sei que há muito outros que sabem o por quê estão lutando.

Um Abraço.

Prof. Nairo Bentes

quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade"

O tratamento dispensado por parte da chamada grande mídia às organizações do movimento social no Brasil sempre foi o da desqualificação, criminalização e combate aberto. Com a UNE a situação não é diferente, mas houve, no último período, uma elevação no tom maldoso e até inescrupuloso com o qual esses veículos têm tratado a entidade que representa os estudantes universitários brasileiros.A UNE acaba de sair do seu 51º Congresso, um dos mais importantes e o mais representativo da sua história. Mais de 2300 instituições de ensino superior elegeram representantes a este fórum, contabilizando as impressionantes marcas de 92% das instituições envolvidas, mais de 2 milhões de votos nas eleições de base e de 4 milhões e meio de universitários representados.
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Nosso Congresso mobilizou estudantes de todo o país, que por cinco dias debateram o futuro do Brasil – a Popularização da Universidade, Reforma Política, Democratização da Mídia, Defesa do Pré-Sal, etc. Se a imprensa brasileira trabalhasse a favor da democracia, esses assuntos seriam manchete em todos os jornais, rádios e canais de televisão e a disposição da juventude em lutar por um país melhor seria divulgada.
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No entanto, estes veículos nos dedicaram tratamento bem diferente nestas duas últimas semanas. Cumprindo com fidelidade o ensimanento de Goebbels – uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade – a mídia escandalosamente busca subterfúgios para atacar a UNE, taxando-a de governista, vendida, aparelhada e desvirtuada de seus objetivos. Com isso, tenta impor a todos os seus pontos de vista, sem qualquer mediação ou abertura para apresentar o outro lado da notícia.
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Uma destas grosserias tem a ver com o recebimento de patrocínios de empresas públicas por parte da entidade. A UNE nunca recebeu recurso público para aplicá-lo no que bem entendesse. Recebe sim, e isto não se configura em nenhuma irregularidade, apoio para a construção de nossos encontros. Tampouco, estas parcerias comprometeram as posições políticas da entidade. Não nos impediu, por exemplo, de desenvolver uma ampla campanha – com cartazes, debates, passeatas e pronunciamentos – exigindo a demissão de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, que foi indicado por este mesmo governo. Não nos furtamos de apresentar nossas críticas ao MEC por sua conivência ao setor privado da educação, como no caso do boicote que convocamos ao ENADE por dois anos consecutivos.
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Mas, onde estavam os jornais, as TV’s, rádios e revistas para noticiar essas manifestações? Reunimos, em julho de 2007, mais de 20 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para pedir mudanças na política econômica do governo Lula e nenhuma nota foi publicada ou divulgada sobre isso.Os mesmos jornais que se horrorizam com o fato de termos recebido recursos para reunir 10 mil estudantes de todo o Brasil não parecem incomodados em receberem, eles próprios, um montante considerável de verbas publicitárias do governo federal. Em 2008, as verbas públicas destinadas para as emissoras de televisão foram de R$ 641 milhões, já os jornais receberam quase R$ 135 milhões.
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Ora, por qual razão os patrocínios recebidos pela UNE corrompem nossas ideias enquanto todo este recurso em nada arranha a independência destes veículos? A UNE desafia cada um deles: declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo em dinheiro público e faremos o mesmo! De nossa parte temos a certeza que seguiremos nossa trajetória!
Com certeza não teremos resposta. Pois não é esta a questão principal. O que os incomoda e o que eles querem ocultar é a discussão sobre o futuro do Brasil e a opinião dos estudantes.
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Não querem lembrar que durante a década de 90 os estudantes brasileiros – em jornadas ao lado das Centrais Sindicais, do MST e de outros movimentos sociais - saíram às ruas para denunciar as privatizações, o ataque ao direito dos trabalhadores e a ausência de políticas sociais. Que foram essas manifestações que impediram o governo Fernando Henrique Cardoso de privatizar as universidades públicas através da cobrança de mensalidades.
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Não reconhecem que após a eleição do presidente Lula, a UNE manteve e ampliou suas reivindicações. Resultado delas, conquistamos a duplicação das vagas nas universidades públicas, o PROUNI e a inédita rubrica nacional para assistência estudantil, iniciando o enfrentamento ao modelo elitista de universidade predominante no Brasil. Insinuam que a UNE abriu mão de suas bandeiras históricas, mas esquecem que não há bandeira mais importante para a tradição da UNE do que a defesa de uma universidade que esteja a serviço do Brasil e da maioria do nosso povo! Não se conformam com a democracia, com o fato de termos um governo oriundo dos movimentos sociais e que, por esta trajetória, está aberto a ouvir as reivindicações da sociedade.
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A UNE não mudou de postura, o que mudou foi o governo e o Brasil e é isso que os conservadores e a mídia que está a serviço desses setores não admitem. Insistem em dizer que a UNE nasceu para ser ‘do contra’. Rude mentira que em nada nos desviará de nossa missão!
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Saibam que estamos preparados para mais editoriais, artigos, comentários e tendenciosas ‘notícias’. Contra suas pretenções de uma sociedade apática, acrítica e sem poder de contestar os rumos que querem impor ao nosso país, eles enfrentarão a iniciativa criativa e mobilizadora dos estudantes na defesa de um novo Brasil. Há de chegar o dia em que teremos uma comunicação mais justa e equilibrada. A UNE e sua nova diretoria está aqui, firme e a disposição do verdadeiro debate de rumos para o Brasil!
Augusto Chagas
Presidente da UNE*
Artigo originalmente publicado no site da revista Carta Capital

domingo, 28 de junho de 2009

“Ei! São Pedro! Cadê o Menino Jesus?!”

Bom dia Caros Leitores (parece que são milhões!), eu queria escrever sobre o Barack Obama e sua habilidade para matar moscas, ou então na verdade avisar a ele que, se ele mata uma sempre vai outra perturbar em seu lugar como diz(sic) o Grande Raulzito. Mas foi dia 17 que isso aconteceu, já se fazem 10 dias, um blogueiro que se preze, quando comenta sobre acontecimentos, não pode ficar comentando fatos passados, só que todos já estão acostumados, e mesmo que não gostem, este blog não é muito atualizado. Na verdade, eu queria mesmo comentar que tudo ali naquele país vira pensamento de todos em poucos minutos. É um acontecimento político, no Haiti, na Patagônia ou no Marajó. Só pra ver o grau de importância dos caras, o cara mata uma mosquinha e isso vira a notícia do dia no mundo inteiro. Na minha infância, na Ilha do Mosqueiro, uma das minhas diversões, quando não podia sair de casa, era ficar matando moscas. Ninguém deu atenção a isso, tava quase me especializando, só que interrompi a minha qualificação. Se tivesse investido, hoje poderia estar no Pós-Doutorado, nos Estados Unidos, pegando umas dicas com Barack Obama. Olha a moral!! Quinta-feira morreu o Grande Pop Star Michael Jackson (ele adorava dormir com crianças, FDP!). Eu tava trabalhando, e num pequeno intervalo vou à Secretaria da Escola. Aí tem uma professora lá que me fala: Tu nem sabes quem morreu... (com cara de triste). Pergunto: Quem? (já preocupado). Ela diz: O Michael Jackson. Eu: Pow! Foi mermo? Pode Crer! Fui dar aula. (pensei: eu até tentava imitar ele, quando criança, a andar pra trás fingindo que andava pra frente) (Essa é a nossa homenagem ao Grande Pop Star) Agora não param de tocar as músicas do cara. Lá fora, onde dia de domingo só tocava Bregão e Pagodão, agora ta tocando Thriller e Billie Jean. Será que quando o Rei Roberto Carlos morrer vai tocar Mulher de 40 no pagodão? Não. Deve tocar pelo menos Parei na contra mão. Dei aula até 22h, depois saí da Ilha. Chego em casa, como de costume vou fazer minha checada de e-mail, msn, e orkut... Vejo Logo uma piada. Esse pessoal não perde tempo... Sabe qual foi a primeira coisa que o Michael Jackson falou quando chegou no Céu? Resp: Ei! São Pedro, cadê o menino Jesus? Eu ri! Hauahuhua É certo que, pra quem realmente acredita que depois de morrer ainda há alma sem corpo, o Michael iria chegar na porta do Céu, se chegasse, e depois dessa seria mandado a criar os filhotes de Lúcifer. Ou será que se pedisse perdão na hora do juízo final teria o perdão divino? Não sei. Acredito na tese de que não há corpo sem alma, assim como não há alma sem corpo. E que no céu, só tem Nuvem!! Né Maria? “Ei! São Pedro! Cadê o Menino Jesus?!” hauhauhauhahuhua
Boas Férias!
Nairo Bentes

domingo, 7 de junho de 2009

CARTA ABERTA À COMUNIDADE

Os profissionais da Educação do Estado do Pará estão em Greve Geral desde o dia 6 de maio, quando também professores da Escola Estadual Abelardo Leão Conduru paralisaram suas atividades para reivindicar junto ao Governo do Estado um Reajuste Salarial digno e condizente com o reajuste do salário mínimo e às necessidades dos profissionais da Educação, incluindo professores, técnicos, administrativos, serventes, merendeiras, porteiros, etc, enfim todos os funcionários da rede pública estadual de ensino. Além das melhorias salariais, reivindicamos também mais infra-estrutura nas escolas da rede estadual, que hoje estão em sua maior parte sucateadas, sem condições de se realizar o processo de aprendizagem, em Mosqueiro, na nossa Escola Abelardo Conduru, apesar de no passado ter ocorrido uma reforma que, diga-se de passagem, prejudicou todo o ano letivo, ainda não contamos com uma boa estrutura para realização de nossas aulas, com salas de aula que, sem ventilação, não têm condições para o Professor realizar seu trabalho, e para o aluno realizar seu aprendizado.Hoje, dia 08 de junho de 2009, depois de realizarmos diversas reuniões entre os professores da Escola, DECIDIMOS, afim de não comprometer ainda mais o andamento do ano letivo, mesmo ainda sem ter conquistado as reivindicações almejadas, e ter nosso salário achatado ao nível do salário mínimo, RETORNAR AS NOSSAS ATIVIDADES NA ESCOLA, sem claro deixar de lutar por melhorias na qualidade da Educação Pública, e sem deixar de lutar por dignidade realmente no tratamento do Governo do Estado com a Educação, que para nós é mais importante que qualquer outra Luta. Portanto caros alunos, e Comunidade em geral que cerca a Escola Abelardo Leão Conduru, reafirmamos nosso compromisso maior com esta comunidade escolar. Assinam a Carta: Professores da Escola Abelardo Leão Conduru
A educação é a principal base
para que se possa construir
uma sociedade democrática
e socialmente justa. 08 de junho de 2009
Prof. Nairo Bentes

segunda-feira, 1 de junho de 2009

“Muitas pessoas Brancas” ²

“Esta é uma crise causada, fomentada, por
comportamentos irracionais de gente
branca, de olhos azuis”.(Lula 26.03.09)
O presente texto teve sua ideia inicial publicada originalmente no blog do pelego, no endereço pelegoemdebate.blogspot.com, e foi cercado de comentários instigados. Em um dos pronunciamentos sobre a crise que afeta o sistema capitalista, Lula fez esta declaração, porém, com certeza, jamais com a intenção de fazer alguma ofensa racial, Lula fizera uma referência a especuladores estrangeiros, de países do primeiro mundo. É uma frase extremamente reflexiva e analítica e deve ser tratada como tal. E daí, que parte a idéia do presente texto.

Dia 29 de março de 2009, oportunidade de dialogar em família...fui ao idolatrado e excludente Manjar das Garças. “Tá podendo hein!?” É, graças a Deus! Opa! deus? opa! Deus não existe! "Graças a deus!" é um vício de linguagem. Não to podendo, mas de vez em quando tem que variar, fui com os meus pais e uma irmã.

Já ta dizendo que Deus não existe. Que maneira de começar um texto, deixa deus pra lá. Chegando ao local, alta qualidade, pessoas esperam fora do salão em fila para almoçar no salão refrigerado, porém na varanda é melhor, e tinham várias mesas vagas. Nem entramos no salão, indo por fora, sentamos, conversando, tomando chopp, conversando, tomando chopp. Entrei no salão para pegar um prato de comida para minha mãe... Quando entrei no salão, com meu bermudão e minha sandália, só a alta sociedade, pessoas segurando o talher com a ponta dos dedos e olhando uns para os outros por cima do nariz, como se o nariz fosse o indicativo de quem se pode olhar, e quem não se pode, observei-os rapidamente e ignorei-os, e retornei pra minha mesa na varanda, sentei. Quando cheguei me perguntaram logo “eaí?” Respondi: Coisa fina! “Coisa fina é? Hehe!” Eu disse: É... Muitas Pessoas Brancas... Recebi uma risada de volta: “hehehe...” Então minha mãe que só ouvia falou: “Que? O que foi que ele disse? Disse: Muitas pessoas brancas... - “muitas pessoas brancas? Só tu mesmo.” Um pequeno diálogo que serviu como o ponta-pé inicial para uma discussão e reflexão em família, há tempos queria tal oportunidade. Mas como era um almoço, e não um debate, depois tudo se dispersa, altos papos, conversas, casamentos, chopps, contemplando a baía do guajará, música boa... Então minha irmã levantou-se e disse: “Vou pegar alguma coisa pra comer...”Quando ela voltou, indaguei-a logo: “Eaí? muita frescura né? Hehe” Minha mãe curiosa também perguntou: Sim, conte, como foi? Eis que minha irmã disse, pra descontrair, mas já que concordando “- 'muitas pessoas brancas' como o disse o Nairo...” Eu ri internamente pensando, lá vem polêmica. E repeti: "É...Muitas pessoas brancas..." Por alguns instantes ficou um silêncio sobre a mesa, então eu aproveitei pra falar: “- Mas é sério, esse ambiente aqui retrata uma desigualdade social da sociedade brasileira, uma desigualdade não só social, que é clara, mas uma desigualdade social com características raciais, uma desigualdade racial. É só fazer uma pequena observação, quais pessoas negras vocês viram aqui? Um garçom, e um rapaz da limpeza que ta ali embaixo, que vocês nem viram. Um silêncio ainda maior aconteceu. E minha irmã então disse: “mas eu vi uma senhora morena lá dentro”. Continuei falando: É... Mínimo, uma ou duas. Olha no geral. A sociedade tem características desiguais, e isso faz gerarem-se preconceitos, racismo, discriminação e mais desigualdades... Então minha mãe falou: Pois é, eu considero que eu não tenha preconceito. Trato todo mundo igual. Procuro não fazer diferença. Eu não tenho preconceito. Não vou contrariar minha mãe né, continuei: Sim! Com certeza. Falando de racismo e preconceito, existe uma diferença importante para análise do Brasil e dos Estados Unidos. Nos Estados Unidos o racismo é declarado, todos assumem e falam: "eu não gosto de preto". Em condomínios fechados, em bairros de brancos; sim, porque lá existem bairros de brancos e bairros de negros, nestes condomínios fechados em bairros de brancos, não se vendem propriedades pra famílias negras de classe alta, para não desvalorizar as demais casas do condomínio. No Brasil não, as pessoas se dizem não ser racistas ou preconceituosas, mas em pequenas atitudes agem com discriminação, você pode não se achar racista, mas você vive numa sociedade que tem características desiguais. A sociedade brasileira é formada de maneira desigual, a maioria das pessoas que vivem em situação de pobreza, são negras, isso é uma característica da sociedade brasileira, faz parte do conceito dela, acarretando que a maioria das pessoas que acabam em situações de violência e roubo sejam da camada mais pobre da sociedade, e negras, e isso faz as pessoas criarem estereótipos do tipo: preto é burro! Preto é ladrão! Mas a culpa é de quem? As pessoas pensam, ou agem, assim porque a sociedade é formada desse jeito, esses são os pré-conceitos... As pessoas têm preconceito sim! Vivemos numa sociedade preconceituosa, não só racialmente, existe um preconceito social, de cor, e de raça. Vivemos numa sociedade racista, então mesmo que você diga: "não sou racista", você é! Por que a sociedade faz você assim. Então, o que temos que lutar é pela mudança da formação dessa sociedade. Esses conceitos e pré-conceitos de que falei, são fruto de uma sociedade desigual e segregada, então pra eliminar essa característica de ser racista e preconceituosa da sociedade, temos que modificar a sua composição, sua formação, aí entram as políticas de inclusão, políticas de ação afirmativa, o sistema de cotas na Universidade, e até os programas de auxílio do Governo Federal como as bolsas-família e escola, elas tem o papel de proporcionar à uma camada da sociedade a possibilidade de mobilidade social. Não visam acabar com a desigualdade social, mas acabar com a característica racial da desigualdade social. A desigualdade Social é um instrumento do Capitalismo, acabar com ela é difícil, só se conseguirmos implantar o Socialismo, o Comunismo, porém esse é um outro debate, mais longo. Viva o Socialismo! Então, o objetivo das políticas afirmativas é acabar com a característica racial da desigualdade social, permitindo que a sociedade seja menos segregada e menos desigual racialmente, diminuindo assim os conceitos e preconceitos que geram e reproduzem o racismo e as discriminações.

Então minha mãe disse: Sim, eu entendo, mas eu vou falar uma coisa agora, que eu sei que tu não concordas... Pensei: O que já que minha mãe vai falar e sabe que eu não concordo? Ela disse: Eu acho que só se consegue no mundo... Uma das maneiras de melhor fazer o bem... É através do evangelho... Faz-nos ajudar o próximo. Surpreendi-me, e voltando a fala em deus: É... Não vou lhe questionar muito, porém eu acredito que as religiões são instrumentos de dominação, a maioria das pessoas que tem muita fé em Jesus, deus, ou religiões são pessoas pobres, que tem naquilo a única salvação, e se acomodam a não lutar por direitos, acreditando que aquilo ali foi Deus quem reservou. Como posso acreditar que tudo que eu consegui foi por que Deus me ajudou, me deu, e alguém que mora na periferia, na favela, ou na rua, não consegue as coisas porque deus não ajudou, ou porque não tem fé, se eles têm mais fé que eu, ou melhor, se eles é quem tem fé em Deus... Eu nasci com privilégios, nasci com o mínimo que me permita buscar mais coisas. Quem nasce sem condições, sem perspectivas, tem que esperar deus ajudar? Da mesma maneira que tem gente que segue o evangelho que faz o bem, existem muitos que estão só para fazer da fé dos outros a sua fonte de riquezas...

Então ela disse: Sim. Concordo... Mas muita coisa se consegue pela fé... tu não achas? A fé, o pensamento positivo, ajuda as pessoas a conquistarem as coisas... Sim, isto é outro fator. Pensamento positivo vale, mas a quem adianta pensar positivo e não ter oportunidades? Ou ter condições de acesso a estudo, ou à estrutura social mínima? Ou pensar que a única solução é ter fé, a quem adianta? (fim de conversa) Saindo da mesa de bar e vindo para o espaço acadêmico, ou científico.

Falando de acesso a estudo, acesso à Educação, de acordo com a síntese dos indicadores sociais do IBGE de 2008, observando a distribuição por cor ou raça da população que freqüenta a escola com idades entre 18 e 24 anos, tem-se que, enquanto o percentual de brancos entre os estudantes de 18 a 24 anos de idade no nível superior era de 57,9%, o de pretos e pardos alcançava cerca de 25%, evidenciando a enorme diferença de acesso e permanência dos grupos raciais neste nível de estudo. (Figura 1).

Eu não vou contar aqui toda a história da desigualdade brasileira, desde a invasão do Brasil, passando pela colonização, proibição oficial de estudar, fim da escravidão, início de uma nova exclusão, exclusão do mercado de trabalho, Brasil império, imigração européia, processo de tentativa de branqueamento da população nacional, período de implantação ideológica do racismo científico, democracia racial, esquecimento da cor ou raça nos censos demográficos realizados... Enfim, quero analisar a questão atual, o produto, a desigualdade racial e a reprodução do racismo. O produto de toda essa exclusão, em termos de Educação, observa-se no gráfico abaixo. Figura 1 Distribuição dos estudantes de 18 a 24 anos ou mais de idade, por cor ou raça, segundo o nível de ensino frequentado - Brasil - 2007

Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE - 2008

A faixa etária de 18 a 24 anos é a que normalmente estaria freqüentando a faculdade, mas o que observa-se é que entre os declarados pretos e pardos, apenas 27,9% freqüenta cursinho pré-vestibular ou já está no ensino superior, enquanto 61,7% dos declarados brancos freqüenta cursinho pré-vestibular ou já está no nível superior.

A faixa etária de pessoas que em condições normais, digo, com oportunidades iguais de acesso e permanência – igualdade de direitos? – estariam no ensino fundamental é de até 14 anos. Porém, observa-se que 20,8% dos pretos e pardos de 18 a 24 anos, ainda estão no ensino fundamental, ao passo que apenas 8,5% dos brancos estão neste nível de ensino.

As conseqüências destas desigualdades educacionais, o produto do qual falei, se refletem nas diferenças do rendimento médio dos negros, e dos brancos. O gráfico abaixo detalha o rendimento médio mensal, em salários mínimos, das pessoas com 12 anos ou mais de idade, por cor ou raça, segundo as regiões do Brasil. O que observa-se é que o rendimento médio mensal dos declarados bancos é quase 90% maior do que o rendimento médio dos trabalhadores pretos e partos, enquanto os brasileiros brancos, com 12 anos ou mais, recebem cerca de 3,4 salários mínimos, os brasileiros declarados pretos ou partos recebem 1,8 salários mínimos.

Figura 2 Rendimento médio mensal de todos os trabalhos, em salários mínimos, das pessoas de 12 anos ou mais de idade, com rendimento por cor ou raça, segundo as Grandes Regiões - 2007.

Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE - 2008.

A importância do debate é instigar, refletiremos... O salário médio do negro é inferior ao do branco, como mostra a figura 2, porém os negros tem menor número de anos de estudos que os brancos, como observado no gráfico 1, logo, o fator determinante para o desnivelamento salarial entre negros e brancos não é a questão racial, e sim a questão social! Certo? Bom raciocínio. Nada mais. É determinante mais não é único fator.

Em dados de pesquisa do IBGE também, do ano de 2006, observa-se que ao analisar comparativamente negros e brancos com os mesmos anos de estudo, depara-se frontalmente com mais uma prova da segregação racial existente no Brasil. Segundo o levantamento realizado com base na Pesquisa Mensal de Emprego, os trabalhadores brancos com menos de um ano de estudo ganham em média 15% a mais que os negros do mesmo nível escolar. Já entre os que têm de 8 a 10 anos de estudo, a diferença sobe para 24%. A desigualdade é ainda maior para os brasileiros negros com formação superior, eles ganham em média, 48% a menos que os brancos. (REVISTA EDUCAÇÃO, 2006) Os dados comprovam um abismo racial em que vive a sociedade brasileira, que após o ponto de abolição praticamente nada executou para que o período escravista da sociedade brasileira não deixasse marcas. Ricardo Henriques, em seu trabalho intitulado: Desigualdade racial no Brasil: Evolução das condições de vida na década de 90, detalha minuciosamente a desigualdade racial existente no Brasil. Usando palavras do próprio Henriques, a estrutura da distribuição de renda brasileira traduz um nítido embranquecimento da riqueza e do bem-estar no país.

Figura 3 Distribuição da população por décimos de renda, segundo a cor - Brasil: 1999.Fonte: HENRIQUES, 2001. p. 18 .

Observemos que, no décimo de renda mais pobre da população (1), 70% são negros e 30% são brancos. Enquanto que no décimo de renda mais rico da população (10) aproximadamente 83% são brancos, ao passo que em torno de 17% são negros.

Depois disso tudo, ainda tem gente que fala: Sim? Eaí? Isso foi gerado pelo racismo em nossa sociedade? Isso é uma ocorrência histórica, que nada nos faz mal hoje...

Não foi gerado diretamente pelo racismo, mas, realmente, por fatores históricos, políticas públicas discriminatórias, ideologias de hierarquização de raças, implantação de ideologias racistas na sociedade, discriminação social no trabalho e em atendimentos públicos de saúde e educação. E o fato, é que hoje a sociedade brasileira é dividida desigual racialmente, e isso faz-se reproduzir os preconceitos e discriminações através da criação de estereótipos. Para explicar o que é estereótipo vou recorrer ao dicionário Houaiss, lá está assim: Imagem preconcebida de alguém ou algo, baseada num modelo ou generalização. Ou seja, como existe uma generalização, ou uma característica maior da sociedade, das pessoas pretas ou pardas serem 70% da população mais pobre do país, criam-se generalizações como citei anteriormente, daí surge o preconceito e a discriminação racial, mentalmente o racismo. Ou seja, a característica racial da desigualdade social gera e reproduz o racismo no Brasil.

E Deus? Onde fica, onde está? Sim. Como disse anteriormente a quem adianta ter fé e não ter oportunidades? Não ter condições de acesso a estudo, ou à estrutura social mínima. Ou ainda, por que pensar que a única solução é ter fé, a quem adianta?

Semana passada, vi na televisão que em uma pesquisa realizada pela fundação Perseu Abramo, foi perguntado qual o grupo social mais odiado pelos brasileiros, e... Pasmem! Os ateus, ou seja, as pessoas que não crêem em Deus foi o grupo social mais apontado. Eu corri para a internet e fui procurar a tal pesquisa.

Figura 4 Grau de aversão ou intolerância a grupos de pessoas

Fonte: Fundação Perseu Abramo (http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/index.php?storytopic=1773)

Os ateus estão equiparados com usuários de drogas, 17% e 25%, respectivamente, têm repulsa/ódio e antipatia a ateus.

Depois que vi essa pesquisa me deu até um certo receio de declarar publicamente minha descrença na existência de um Deus. Posso perder amizades, criar inimizades, inimigos... E até despertar ódio nas pessoas!

Então, eu começo a refleti sobre os vários deuses que existem no mundo e os que existiram, o Deus sol, o Deus lua, a Chuva. Chove quando Deus quer!!! Hoje nós pensamos, “Égua! (bem paraense). Antes acreditavam em cada Deus, tudo era deus, até o sol era deus.” Quem sabe no futuro, caros leitores, as pessoas vão falar: "Égua, antes as pessoas acreditavam que tudo que existe foi um ser superior, chamado de Deus, que criou. Pode?"

Deus é uma criação do homem, hoje se acredita bem menos nele, pelo avanço significante da ciência. Foi a ciência que desmistificou a crença num Deus sol, por exemplo.

E sobre Religião. Não é mesma coisa que Deus? Quando se começa a persuadir um crente em Deus com argumentos ateístas ele fala logo que a tua crítica é quanto às religiões, os dogmas, as regras, e não para o grande Deus. Religião e Deus não são a mesma coisa, mas ambos se sustentam. Ou se as religiões não existissem, quem acreditaria que um Deus existe? É a religião que nos ensina isso. Então claro que estão ligados, Deus então, depende de religiões, religiões que plantam desigualdades, guerras e preconceitos no mundo, para existir. É só ler a Bíblia. As religiões plantam a fé no Deus também, então eles, religião e Deus, interdependem-se... E realmente quem acredita em Deus que tem que provar sua existência, ou crer fielmente sem saber, por que “a dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza". Porque só é feliz quem crer no Deus Maior. Né! Amém.

Conversa fantástica. Entre outros pontos de discussão e esclarecimentos. Ainda me falta aparato teórico para discutir e argumentar a respeito de deus e religiões, porém só com conversas e leituras vamos progredir...

Por Nairo Bentes

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Para entender a Greve dos profissionais da Educação

Por Nairo Bentes
O Vencimento base do professor atualmente é 433 reais, ou seja, superior ao antigo salário mínimo (415 Reais), e a proposta do governo do Estado é dar um aumento de 6% o que aumentaria o salário para 459 reais, ou seja, abaixo do atual salário mínimo que é de 465 reais. O salário mínimo aumentou de 415 para 465 reais, ou seja, teve um aumento de 12%, se o vencimento base do professor aumentasse em 12% como foi o aumento do salário mínimo passaria de 433 para 484 reais, mas nem isso o governo propõe, o governo propõe um aumento que corresponde à metade do aumento do salário mínimo e propõe um salário que teria vencimento base inferior ao salário mínimo, coisa que nuca aconteceu também. Algumas escolas estão com o movimento de greve enfraquecido, porém isto ocorre pela falta de informação a respeito das conversas e negociações do sindicato com o governo do estado, é necessário todos estarem muito informados para não cederem às pressões impostas por diretores de escolas e outros membros da comunidade escolar. Independente de estarmos em período de eleição da diretoria do Sintepp, é de extrema importância que todos estejam unidos e cientes das reivindicações da categoria que, embora algumas pessoas falem que a greve é estratégia de p-sol ou p-lua para desgastar o governo e também continuar na coordenação do sindicato, as reivindicações da categoria são de extrema nitidez, sensatez, justiça e necessidade. Outra reivindicação dos trabalhadores é aumento do auxílio alimentação de 100 para 300 reais, há de se destacar que o auxílio alimentação foi uma conquista dos trabalhadores no governo atual de Ana Júlia, porém não por isso a categoria se acomoda e se satisfaz com os 100 reais, o famoso vale-lanche, vale-tempero, vale-chopp, ou tantos outros adjetivos que o vale-completo ganhou. A única categoria de funcionários do Estado do Pará que recebe vale-alimentação abaixo de 300 reais são os professores. Por fim camaradas gostaria que enfatizar a importância de todos se engajarem nesta greve, que não é a toa, nem de brincadeira. Todos mantenham-se informados participando das assembléias e mobilizações para a greve, e sempre visitando o site do sintepp (http://www.sintepp.org.br/), ou ligando para a sede: 3223 6096, para obter maiores informações. Repassem por email. Saudações, Professor Nairo Bentes

domingo, 12 de abril de 2009

"Muitas pessoas brancas..."

Dia 29 de março de 2009, oportunidade de dialogar em família... fui ao idolatrado e excludente Manjar das Garças (Tá podendo hein!?) é, graças a deus! (deus? opa! Deus não existe! "Graças a deus" é um vício de linguagem), Não to podendo mais de vez em quando tem que variar, fui (2) com os meu pais(3-m e 4-p) e uma irmã (1).
Já tá dizendo que Deus não existe! que maneira de começar um texto, deixa deus pra lá. Chegando no local, alta qualidade, pessoas esperam fora do salão em fila, para almoçar no salão refrigerado, na varanda é melhor, e tinham várias mesas vagas. Nem entramos no salão, indo por fora, sentamos, conversando, tomando chopp, conversando, tomando chopp, entrei no salão para pegar um prato de comida para minha mãe..., quando entrei no salão, com meu bermudão e minha sandália,só a alta sociedade, pessoas segurando o talher com a ponta dos dedos e olhando uns para os outros por cima do nariz, como se o nariz fosse o indicativo (separação) de quem se pode olhar, e quem não se pode, observei-os rápidamente e ignorei-os, e retornei pra minha mesa na varanda, sentei. - (1) eaih, Nairo?! - (2) coisa fina! - (1) coisa fina é? hehe! - (2) é... Muitas Pessoas Brancas... - (1) hehehe... - (3) que? o que foi que ele disse? - (1) Muitas pessoas brancas... disque.. - (2) muitas pessoas brancas ;) - (1) só tu mesmo. - (3) ha ha ha é... - (4) (Silêncio) Um pequeno diálogo que serviu como o ponta-pé inicial para uma discussão e reflexão em família, há tempos queria tal oportunidade. Depois se dispersa, altos papos, conversas, casamentos, choppes, contemplando a baía do guajará, música boa... -(1) vou pegar alguma coisa pra comer... -(3) tá! ....... -(1) voltei. -(2) já? eaih, muita frescura né? hehe. -(3) é? conta aih. -(1) "muitas pessoas brancas" como o disse o Nairo... -(2) haha! "muitas pessoas brancas..." -(4) hum, he. . . . . . . -(2) mas é sério, esse ambiente aqui ele retrata uma desigualdade social da sociedade brasileira, uma desigualdade não só social, que é clara, mas uma desigualdade social com características raciais, uma desigualdade racial. É só fazer uma pequena observação, quais pessoas negras vocês viram aqui? Um garçon, e um rapaz da limpeza que tá ali embaixo que vocês nem viram (foto). -(1) (Silêncio) -(3) (Silêncio) -(4) (Silêncio) -(1) mas vi uma senhora morena lá dentro. -(2) É. Mínimo, uma ou duas, olha no geral. A sociedade tem características desiguais, e isso faz gerarem-se preconceitos, racismo, discriminação e mais desigualdades... -(3) Pois é, eu considero que eu não tenha preconceito, trato todo mundo igual, procuro não fazer diferença, eu não tenho preconceito. -(2) Sim! Com certeza. Falando de racismo e preconceito, existe uma diferença importante para análise do Brasil e do Estados Unidos,no Estados Unidos o racismo é declarado, todos assumem e falam: "eu não gosto de preto", em condomínios fechados em bairros de brancos, é, porque lá existem bairros de brancos e bairros de negros, nestes condomínios fechados em bairros de brancos, não se vendem propriedades pra famílias negras de classe alta, para não desvalorizar as demais casas do condomínio, no Brasil não, as pessoas se dizem não ser racistas ou preconceituosas, mas em pequenas atitudes agem com discriminação, você pode não se achar racista mas você vive numa sociedade que tem características desiguais, a sociedade brasileira é formada de maneira desigual, a maioria das pessoas que vivem em situação de pobreza, são negras, isso é uma característica da sociedade brasileira, faz parte do conceito dela, acarretando que a maioria das pessoas que acabam em situações de violência e roubo sejam da camada mais pobre da sociedade, e negras,e isso faz as pessoas criarem estereótipos (preto é burro, preto é ladrão), mas a culpa é de quem, as pessoas pensam ou agem assim porque a sociedade é formada desse jeito, esses são os pré- conceitos..., as pessoas têm preconceito sim, vivemos numa sociedade preconceituosa, não só racialmente, existe um preconceito social, do cor, de raça, vivemos numa sociedade racista, então mesmo que você diga: "não sou racista", você é porquê a sociedade faz você assim, então o que temos que lutar é pela mudança da sociedade, esses conceitos e pré-conceitos de que falei, são fruto de uma sociedade desigual e segregada, então pra eliminar essa característica de ser racista e preconceituosa da sociedade, temos que modificar a sua composição, sua formação, aih entram as políticas de ação afirmativa, o sistema de cotas na Universidade, e até os programas de auxílio do Governo Federal como as bolsas-família e escola, elas tem o papel de proporcionar à uma camada da sociedade a possibilidade de mobilidade social. Não acabar com a desigualdade social (como específicamente as bolsas do Governo) mais acabar com a característica racial da desigualdade social. A desigualdade Social é um instrumento do Capitalismo, acabar com ela é difícil, só se conseguirmos implantar o Socialismo, o Comunismo, porém esse é um outro debate, mais longo. Então o objetivo das políticas afirmativas é acabar com a característica racial da desigualdade social, permitindo que a sociedade seja menos segregada e desigual racialmente, diminuindo assim os conceitos e preconceitos que geram e reproduzem racismo e discriminações. -(3) sim. eu entendo, mas eu vou falar uma coisa agora, que eu sei que tu não concorda... Pensei:"o que já que minha mãe vai falar e sabe que eu não concordo?" -(3) Eu acho que só se consegue no mundo... uma das maneiras de melhor fazer o bem, é através do evangelho, faz-nos ajudar o próximo. -(2) me surpreendi, é... Não vou lhe questionar muito, porém eu acredito que as religiões são instrumentos de dominação, a maioria das pessoas que tem muita fé em Jesus, deus, ou religiões são pessoas pobres, que tem naquilo a única salvação, e se acomodam a lutar por direitos, acreditando que aquilo ali foi deus que reservou, como posso acreditar que tudo que eu consegui foi por que 'D'eus me ajudou, me deu, e alguém que mora na periferia, na favela, ou na rua, não consegue as coisas porque deus não ajudou, ou porque não tem fé, se eles têm mais fé que eu, ou melhor, se eles é quem tem fé em Deus... Eu nasci com privilégios, nasci com o mínimo que me permita buscar mais coisas, quem nasce se condições, sem perspectivas, tem que esperar deus ajudar? Da mesma maneira que tem gente que segue o evangelho que faz o bem, existem muitos que estão só para fazer da fé dos outros a sua fonte de riquezas... -(3) Sim. Concordo... mas muita coisa se consegue pela fé... tu não achas? a fé, o pensamento positivo, ajuda as pessoas a conquistarem as coisas... -(2) Sim... Pensamento positivo vale, mas a quem adianta pensar positivo e não ter oportunidades, ou condições de acesso a estudo, ou estrutura social mínima, ou pensar que a solução única é ter fé... Conversa fantástica entre outros pontos de discussão e esclarecimentos que rolaram, ainda me falta aparato teórico para discutir e argumentar a respeito de deus e religiões, porém só com conversas e leituras vamos progredir... Bom domingo a todos e a todas.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Ao Prefeito de Belém...

Nesta Quinta-feira organizar-se-á em mosqueiro uma Assembléia Geral de moradores e trabalhadores para discutir o problema do transporte coletivo interno da Ilha de Mosqueiro. Há aproximadamente um mês atrás, no dia 11 de maço de 2009, realizou-se uma assembléia geral no Ginásio da Escola Estadual Prof. Honorato Filgueiras, com um ato público em seguida em frente da Agência Distrital, seguida de uma reunião com o agente distrital da ilha Ivan José dos Santos, na reunião, o agente distrital afirmou desconhecer maior parte dos problemas que afetam os moradores da ilha, passou a informação de que o processo de contratação de uma nova empresa para trabalhar com as linhas de circulação interna de mosqueiro estava em andamento e demoraria no máximo 15 dias, e que com relação às empresas que efetuam a linha mosqueiro-são brás, seriam notificadas e advertidas a respeito do ocorrido. Passam-se quase 30 dias e nada mudou, a situação do transporte público continua caótica, com crianças, adolescentes e jovens tendo que deixar de estudar por falta de transporte público, isso é lamentável. Então nos reuniremos novamente nesta quinta-feira, dia 09 de Abril de 2009, na Praça do Carananduba às 7h, para mais uma vez mostrar a indignação do povo mosqueirense frente à falta de respeito da Prefeitura da Cidade de Belém, que parece desconhecer que a ilha faz parte do município, que toda a população da ilha sofre com o descaso que se tornou o serviço de péssima qualidade prestado por donos de Kombis clandestinas e pelo que restou da empresa “Beira-alta”. A foto acima foi retirada do site da prefeitura (http://www.belem.pa.gov.br/new/index.php?option=com_content&view=article&id=4137&Itemid=222), parece ironia, pois a população de Mosqueiro, que hoje deve ultrapassar 50.000 pessoas, sofre é pela ausência de transporte coletivo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim, e agora você quer que eu fique assim igual a você!?

Ei menino branco o que é que você faz aqui Subindo o morro pra tentar se divertir Mas já disse que não tem E você ainda quer mais Por que você não me deixa em paz? Desses vinte anos nenhum foi feito pra mim E agora você quer que eu fique assim igual a você É mesmo, como vou crescer se nada cresce por aqui? Quem vai tomar conta dos doentes? E quando tem chacina de adolescentes Como é que você se sente? Em vez de luz tem tiroteio no fim do túnel. Sempre mais do mesmo Não era isso que você queria ouvir?... (Legião Urbana, Mais do mesmo)

(Foto: Região em frente a UFRA e a UFPA, em tempos de Fórum Social 'Mundial')

Ainda com alguma lembrança do fsm2009, dia 1º, depois do encerramento fórum, show de Jorge ben, chego em casa, um grupo se reunia lá embaixo, bebendo e conversando, me juntei a eles, em meio a várias conversas, conversa vai, conversa vem, blá blá blá... Recebi um telefonema e atendi o celular, o meu celular chama muita atenção, não é qualquer um, é aquele da Nokia, modelo 1100, o primeiro que veio com lanterninha, como todos ficaram olhando pra ele, eu lembrei de uma história que aconteceu e que sempre lembro quando falam dele....

“Eu estava do lado da escola que eu trabalho, conversando com um ex-aluno meu que já concluíra o ensino médio há um ano, conversando com ele, ele contanto seus objetivos nos estudos, e eu contanto os meus, conversando como dois amigos, então peço número do telefone dele, pois agora ele trabalha como mototaxista, e quando eu precisasse ligaria para ele... (antes que eu terminasse de contar a história para o grupinho fui interrompido por um dos que escutava, já conto a interrupção)... então peguei o meu celular e o meu ex-aluno falou rindo, ‘égua Nairo, compra um celular novo pra ti, tu ganha dinheiro ’ e eu ri bastante, achei engraçado, enfim a história é essa” A interrupção que sofri foi: “porra, o teu aluno virou mototáxi, não foi culpa tua ? hehehe pow cara, ele virou mototáxi!? égua, esses teus alunos” No momento só fiquei olhando e realmente não falei nada para não deixar o grupo num clima ruim, só falei ‘nem todos tem as mesmas oportunidades’. Mas realmente todos que estavam ali, e alguns que participaram de um fsm, a maioria ali, senão todos, tiveram a oportunidade de nascer em ‘berço de ouro’, é muito fácil conseguir um progresso na vida acadêmica e depois profissional se dependo de pai, temos tudo do bom e do melhor pra comer e estudar, o fsm não é modinha nem empolgação, pra dar uma de intelectual e dizer que se preocupa com o social, (será que) todos temos a mesma oportunidade de conseguir as coisas, estudar, trabalhar, ou até de comprar uma moto? E se não temos as mesmas oportunidades será que a culpa é nossa? A culpa é nossa quando não pensamos, assistir e viver uma desigualdade é natural, é falta de esforço ou burrice de quem não consegue ter o que estudar? ter o que estudar muito e brigar com o pai incompreensível é ralar na vida? A sociedade deve abrir seus olhos, e enxergar os problemas sociais, é muito fácil olhar a desigualdade de cima e dizer que é fácil subir, incompetência de quem não consegue, se nunca se desceu e olhou-se a desigualdade lá debaixo.... ah, e dizer que faz e luta pelo bem, e criticar os políticos brasileiros, mas fechar os olhos pro verdadeiro retrato do Brasil, tudo isso é muito fácil.

Nairo Bentes

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Discurso de LULA no FSM.

Lugo, Evo, Lula, Correa e Chavez
Lula fez uma fala durante aproximadamente 27 minutos, estes são os primeiros 8 minutos de Lula no Hangar dia 29 de Janeiro.
"Boa noite, Querido companheiro Evo Morales, Presidente da Bolívia, querido companheiro Rafael Corrêa, Presidente do Equador, querido companheiro Fernando Lugo, Presidente do Paraguai, querido companheiro Chavez, Presidente da Venezuela, querida companheira Ana Júlia, Governadora do Estado do Pará, companheiros e companheiras, ministros aqui presentes, companheiro Cândido Grzybowski coordenador desta mesa de debates da sociedade, companheiros representantes dos povos indígenas do Brasil e da América Latina, companheiros estudantes, mulheres aqui presentes, Eu queria sobretudo dar os parabéns aos delegados que vieram de outras regiões do Mundo participar deste fórum social. Queria dizer a vocês da minha alegria de poder estar participando mais uma vez, aqui poderiam estar outros presidentes da América Latina e da América do Sul, eu sei que outros foram convidados, mas por razões de compromissos assumidos não puderam vir, como a companheira Cristina, Presidente da Argentina, como o companheiro Tabaré do Uruguai e tantos outros, mas cá viemos nós, pra falar pouco... Hoje o Chavez bateu o recorde de menos tempo que já falou em 6 anos que eu o conheço, com certeza em respeito a vocês, também porque está tarde e ele tem que voltar pra Venezuela, e possivelmente porque ele sabe que eu já tenho mais de 60 anos, e na terceira idade, depois das onze horas,que é o meu relógio biológico, eu estou com sono.Primeiro eu tinha feito um discurso por escrito, mas eu deixei ali encima da mesa, porque eu também vou falar pouco, queria começar dizendo pra todos que fazem essa democracia, porque hoje, a gente pode até reclamar do presidente que nós temos, mas a verdade é que a pouco tempo na América Latina os que ousavam não concordar com o Presidente, eram perseguidos, torturados, limados e tinham que sair da América Latina, o que nós conquistamos nestes últimos anos foi na verdade resultado da morte de muita gente, que muito jovem resolveu, digladiar pra derrotar o as autoridades no Chile, na Argentina, no Uruguai, no Brasil e em vários outros países, morreram, e nós estamos fazendo parte daquilo que eles sonharam fazer e conquistamos esse direito pela via democrática, cada um de nós disputou uma eleição, eu perdi quatro pra chegar a ser presidente, Chavez enquanto coronel do Exército Venezuelano, tentou encurtar a forma de chegar ao poder, juntou um grupo de amigos e tentou chegar ao poder, não conseguiu, foi derrotado, foi preso, e pouco tempo depois, em 98, Chavez virou presidência da república. O Lugo, lutou tanto que a gente pode dizer que era impossível imaginar que um bispo da Igreja católica, pudesse derrotar a dinastia de 50 anos dos partidos conservadores do Paraguai. Era quase que impossível pensar que um jovem, economista pudesse chegar à república do Equador como presidente, porque antes a cada 9 meses trocava-se o presidente do Equador. Era impossível pensar que um Índio, com uma cara de índio, com o jeito de índio chegasse a presidência da Bolívia. Aqui no Brasil, aqui no Brasil, era impossível imaginar que um torneiro mecânico pudesse chegar a presidência da república. Mas a coisa não para por aqui, era impossível imaginar e eu duvido que algum teórico conseguisse prever, num país que à quarenta anos matou Luther King, um negro, virasse presidente da república dos Estados Unidos da América do Norte, e isso explica que as coisas mudam, e não mudam com a rapidez que a gente quer, mudam com a rapidez do tempo e da paciência que a gente tem para construir aquilo que nós precisamos construir..."

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fórum Social Paradoxal

A abertura Oficial do fsm foi nesta terça-feira, porém a capital paraense já agrega desde sexta-feira (23), milhares de pessoas de fora do Estado, segunda e terça (26 e 27) realizaram-se o Fórum Mundial de Educação, o Fórum Mundial de Saúde entre outros. Segunda-feira, dia 26, participei do início da programação do dia do Fórum de Educação que realizou-se no Hangar, logo após fui à UFRA realizar minha inscrição no Acampamento da Intercontinental da Juventude, voltei ao Hangar, e depois fui a Mosqueiro entregar as últimas notas de alunos que ficaram de recuperação, parabéns a todos os meus alunos, e àqueles que não conseguiram progressão de série, que compreendam seus erros e continuem a estudar. Bom, quando voltei de Mosqueiro desci em frente ao CCBS da UEPA, com o intuito de fazer uma operação na CEF, porém não consegui, prossegui e quando passei em frente ao posto BR que fica em frente ao Hangar, entrei pra fazer um lanche rápido... chegando lá, o preço: um salgado, 3 reais (pequeno) e um refrigerante em lata (2,50), não ia lanchar, muito caro, quando vi o caixa era um ex-aluno meu do Abelardo Conduru em Mosqueiro, Junior, e no balcão de lanches, um senhor (Antônio) e uma mulher (Glaucia), Seu Antônio é daqui, aliás em meio a conversa, falou que era capixaba mas se sentira Paraense, Glaucia é de Brasília, veio para o fsm, fora os dois havia mais um casal, que saiu assim que cheguei e só houve tempo de se apresentar. Peguei meu lanche e me aproximei de Gláucia e Antônio, os dois com grande simpatia, logo entrei na conversa, sobre tudo, religião, violência, futebol, Fórum Social Mundial, entre outros. Glaucia estava ainda sem lugar para ficar, havia uma pessoa naquele momento resolvendo isso, porém comentamos isso, que durante o fsm o preço das diárias dos hotéis mais "furrecos" de Belém estavam girando em torno de 100 reais, uma cerveja no isopor da esquina custando 4 reais, um salgado de completo a três reais, o capital explorando o fórum social mundial. Ora, estamos em meio a um evento recheado de paradoxos, com grande parte da burguesia bebendo e participando, preços altos a toda esquina, e financiamento de governos. Porém não é por isso que vamos dar uma de pstu e dizer que o fórum não serve pra nada, e que é um instrumento de manipulação do "terrível" sistema capitalista. O Fórum Social Mundial é um espaço importantíssimo de troca de idéias, opiniões e reflexões, de onde saem soluções e medidas de atuações de movimentos sociais e uma oportunidade das poucas de expressar ao mundo o pensamento de indignação e necessidade e vontade de mudança. É isso aih! O Fórum Social Mundial apenas começou Belém.
Nairo Bentes