sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ainda distante da freqüencia deste blog...

Ainda não vou voltar a postar com freqüencia, na verdade não ando lendo a blogosfera... os blogs da vida...

Quero indicar um texto e um blog. Não costumo fazer isso. Porém, a indicação é boa.

Blog do meu amigo Felipe Moraes, vulgo Felipov. Esse vulgo já me trouxe problemas com aqueles que gostam de ler páginas policiais e freqüentar sebos....

Um bom fim de semana galera!

Nairo Bentes

Apenas uma

Apenas uma, era o que precisava. Sentei e pedi uma. Fiquei alguns minutos vendo as pessoas circundantes. Nada do meu pedido. O bar estava lotado. Procurei ter paciência. Comecei a observar a vida em volta. Óbvio, a minha volta, tinha vários rostos, cabelos, gestos, risos, de pessoas conversando e bebendo depois de um dia estressante. Decerto, algo normal em qualquer grande cidade. No entanto, havia uma peculiaridade: eu sentei só. Sentei só e pedi uma. Que, por sinal, ainda não chegou. Começo a ficar impaciente. Não consigo me acostumar com atrasos. Mas, continuo esperando. Preciso de uma, depois do dia que tive hoje. Não vou ocupar o leitor amigo com os meus problemas – todos têm os seus. Ah, agora, depois de meia-hora, chegou. Primeiro gole: o sublime efeito que a cevada, o centeio e lúpulo têm ao sabor da primeira golada gelada. Após esse efeito, e a sua respectiva satisfação e paz de espírito, percebi que as pessoas cada uma a sua vez, alternada e progressivamente, me observavam. Fiquei perturbado com isso. Um mal-estar apoderou-se de mim. Mais um gole. As pessoas continuam a me observar, com olhares perscrutadores, indiferentes, intencionais. Pensei que tivesse algo de errado comigo. Olhei-me rapidamente, e não percebi nada de anormal. Decidi ficar indiferente. Terceiro gole. Depois desse dia, era o que precisava. Algumas pessoas continuavam a me olhar, outras já nem se davam conta da minha presença. Quarto e último gole, ela acabou. Nesse momento, foi que percebi a razão do estranhamento das pessoas alhures: é por eu estar bebendo comigo mesmo. Mas, o que há de estranho em beber só, eu, eu mesmo, uma garrafa, um copo semi-cheio, e a satisfação pessoal de estar bem consigo mesmo e relaxar depois de um dia cansativo. Talvez, beber só seja terapêutico. Ou, eu seja esquizofrênico – das duas uma. Contudo, bebi apenas uma e relaxei. Parti para casa e dormi bem. Não sei você, caro leitor, mas às vezes, uma tem um efeito profundamente terapêutico. De fazer relaxar e aproveitar a solitude. Apenas uma.
(Felipov)

4 comentários:

Anônimo disse...

SIMPLES E PERFEITO, descrição exata de sensações, percepções e observações de quem sente-se feliz com coisas simples, como curtir um momento consigo mesmo, e percebe o quanto isso é interpretado pela maioria como algo anormal. ADORO ESSES MOMENTOS!!!

Anônimo disse...

Eu conheço essa "anônima" do comentário acima.. :)

Marcelo Sarraf disse...

Porra... Deu agua na boca ler esse texto do Felipov. Valeu Nairo.

Nairo Bentes; disse...

Valeu Sarraf! Um abraço!