quarta-feira, 29 de junho de 2016

Deus a teus critérios. Deus, ateus, critérios...

Outro dia, planejando uma aula preliminar, na qual o objeto de estudo seria a Geometria, surgiu a curiosidade de verificar qual seria a definição da palavra no dicionário, o que apareceu – ou que estava disponível na nossa frente – era o “MiniAurélio-Escolar”. Pois bem, passando o olho pelo dicionário, a definição encontrada foi a mais trivial possível: “Ciência que investiga as formas e dimensões dos seres matemáticos” (p.146). Mas, o que me chamou a atenção ao “passar o olho” foi uma palavra próxima, “geossauro”, cuja definição era: “Réptil crocodiliano especialmente aquático; viveu  no jurássico e no cretáceo, e seus vestígios foram encontrados nos mares da Europa Central”. (p.146)
Aí...
Um estalo! (pá!)
Jurássico?
Dinossauros?
Como será que esse dicionário define “deus”?
Eis: “Deus: Ser infinito, perfeito, criador do universo.”
¬¬
Então...?
Conclusão...
Seria o Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, um crente!?
xD















*
Calma, galera!
*
Aí, eu fui procurar “Ateu”, pra ver o que o Aurélio me dizia.
“Ateu: Que ou aquele que não crê em Deus”. (p.72)
Aí pensei: “Selado, o Aurélio é crente! ”
:p
E então aparece um amigo meu, que é linguista, e me diz que as definições devem ser dadas pela ótica de quem acredita, que o organizador de um dicionário não manifesta suas ideologias nas definições. Mais ou menos isso que ele disse. Não lembro.
Mas, aquilo ficou martelando em minha cabeça, pois a própria definição de “ateu” aureliana é uma definição deísta. Pois, se eu digo que alguém não crê em Deus, já estou afirmando que existe aquele deus, e esse alguém não acredita nele, pensa que ele é um mentiroso.
Ironias à parte, poderia dizer que aquele que não crê em deus, é alguém que até admite a existência desse ser super-supremo, todavia, não lhe estima valor de transformação. Uma palavra melhor para representar essa definição seria “ímpio”. Segundo o mesmo Aurelinho, ímpio: “Que não tem fé.”
Está difícil crer que o Aurélio não escapa ideologias nestas definições.
Vamos procurar  “deísta”!
Achei “deísmo”: “Sistema ou atitude dos que rejeitam espécie de revelação divina, mas admitem a existência da divindade”. (p.206)”
\m/
Batata! Chegamos a um parecer sobre o “Aurélio”. Ele utilizou a palavra “existência” para definir “deísmo”, mas não a usou a mesma palavra para definir “ateu”.
"Ateísmo" é definido pelo Aurélio como: "Falta de crença em Deus." Por quê ele não disse: "O que não admite a existência de deus "? É...
O MiniAurélio Escolar, leva em si uma ideologia, sim.

*
Calma, galera, não acabou o texto!
Peguei outro dicionário, o “Dicionário Junior – da Língua Portuguesa” de Geraldo Mattos.
Fui direto procurar a definição de “ateu”: “Que não acredita na existência de Deus”. (p. 66)
Arrá! Perceberam a importância da palavra "existência" aí? Lembram a definição do “Aurélio”? “Aquele que não crê em Deus”. Geraldo Mattos ainda completa que o antônimo de ateu é crente, e define “Deus” como “Ser infinito e perfeito, que existe sem ter sido criado” (p.198). Ora, o que existe sem ter sido criado, outrora só pode ter sido inventado, não acham? Foi sutil, mas foi. Geraldo Mattos também insere sutilmente sua ideologia em suas definições. Nem fala em Universo.
E pensar que por vezes acreditamos que até a globo é imparcial.
Não existe imparcialidade nem no dicionário.
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Pra finalizar, lembrei de uma música do Chico, Gente humilde, na qual em um dos versos ele desenrola “E eu que não creio, peço a deus por minha gente...”, exteriorizando que não crê, e que, quem acredita, o faz quando convém, ou necessita, ou já não vê mais saída. Ou, nem acredita, realmente.

Um bom julho a todos!
As duas primeira imagens foram recolhidas da internet e estavam sem identificação de autoria, e a terceira, do taxista, é do meu amigo Brahim Darwich.
Boas férias!
Boa sorte!

Nairo Bentes


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Dois anos...



Tenho uma agenda, que às vezes lembro que ela existe e escrevo lá, às vezes a esqueço e ela fica com algumas páginas  em branco. Ontem participei de um seminário na UEPA e lembrei de pegá-la para fazer anotações, no dia 08, quando olho para a folha ao lado, dia 9, estava escrito um lembrete: “Completando dois anos de Funbosque”, e foi uma surpresa ver isto, pois não lembrava de ter escrito tal lembrete, e não lembraria da data se não fosse o mesmo. Não costumo fazer lembretes de datas na minha agenda, mas dessa vez foi válido, pois tamanha é a correria do dia a dia, que eu esqueceria, feliz também foi a coincidência de abrir a agenda dia 08, oportunizando a lembrança de data.
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Muitos aprendizados nesses dois anos, tanto profissionais, quanto pessoais, conhecendo pessoas confiáveis e outras deploráveis.
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Vou contar uma história aqui, mas que não é referente a esses dois anos propriamente, mas, tais dois anos não aconteceriam se não fosse tal fato que vou lhes contar.
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Antes do concurso da Funbosque, que ocorrera de 2012 para 2013, fiz o concurso da SEMEC/2012, que foi similar. Fiz uma excelente prova na SEMEC, acertando 84% da prova objetiva, e uma prova dissertativa que provavelmente se aproximara dos 100%. Porém, o edital limitara o número de candidatos que teriam a prova escrita corrigida, só os dez primeiros na prova objetiva, os demais estariam eliminados, e assim, fui eliminado.
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Depois veio o concurso na Funbosque, no início de 2013, os mesmos critérios. Fiz uma prova objetiva que não me animara nem a estimar qual seria a minha pontuação na discursiva, com apenas 62% da prova objetiva, esqueci do concurso em fevereiro mesmo.
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Ora, pensei, se na SEMEC eu fora eliminado com 84% na objetiva, na Funbosque não faria nem ferida, e aceitei.
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E depois de fevereiro, tanta coisa aconteceu...
Em março, meu filho Pedro nasceu...
Em abril minha mãe faleceu...
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Eles se viram uma vez na vida, no final de março, nesse dia o sorriso da minha mãe e a minha felicidade eram indescritíveis, inenarráveis. Também foi o dia em que a minha mãe conhecera minha casa, a primeira ela não pode ir, pois tinha escadas. Esse dia foi um só, mas foi eterno, é eterno, acontece ainda hoje quando lágrimas me vêm aos olhos quando disserto esse dia.
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O tempo passou depois da prova...

Fevereiro...

Março...

Abril...

Maio...
Todas as emoções de proporcionar o nascimento de uma vida e se dar com ausência física de outra, somadas com o desempenho não satisfatório na prova objetiva, me fizeram esquecer do concurso por um tempo suficiente para o mesmo se esgotar.
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Em maio, certo dia, cuidando de Pedro, brincando com Pedro, e pensando na vida, me veio uma curiosidade na cabeça:
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“Quem será que passou na Funbosque? Será que foi algum amigo meu? Vou entrar no site pra ver quem foi.”
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Eu nunca olhara nada deste concurso desde a publicação do gabarito preliminar, e em meados de maio já imaginara que o concurso havia acabado.
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Parece que alguém soprou ao meu ouvido: “Vai lá ver quem passou! Vai lá! Vê agora!”
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Quando abri o site da realizadora do concurso, uma surpresa, ele ainda não acabara. E naquela data – acho que 17 de maio – convocação para a prova de títulos, e entre os convocados para entregar os títulos (apenas 8), meu nome. Conferi as notas e eu estava em segundo lugar, somando objetiva e dissertativa. Dia seguinte, fim do prazo, levei meus títulos, uma vaga, e aqui estamos.
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Enfim, o concurso demorara em virtude de alguns recursos e imprevistos.
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Por fim, dois anos de muita luta, trabalho e dedicação, aproveitando o que há de bom e aprendendo com o que possa parecer ruim.
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E pra finalizar, já que veio a lembrança:
“Mãe não morre nunca, mãe ficará pra sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho." (Drumond)
Obrigado.
Bom dia...
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E pra tornar esta data ainda mais significativa, dia 09 de junho de 2016, amanheço aqui, no ambiente da Casa-Escola da Pesca, em Caratateua, aprendendo a cada dia com quem do campo é, e com quem no campo vive, no campo trabalha, do campo sobrevive, no campo brinca e do campo cresce, no campo respira e do campo amadurece.
Obrigado novamente!
Bom final de semana!
Prof. Nairo Bentes