Outro
dia, não muito remoto, estava indo para um compromisso na região central da
cidade, em uma Escola situada na Avenida Almirante Barroso. Como a fome era
grande, parei em uma padaria. Ah! Acabei de lembrar o dia, era 26 de abril de
2017.
Entrei.
Pedi um misto-quente com pão careca e um suco de taperebá. Na mesa ao lado,
dois cidadãos. E o assunto naquele dia, só era um, em todos os lugares – no ônibus,
nas filas de banco, nas esperas de consultórios, nos bares, etc. – “Sexta-feira
vai parar tudo!”; “Sexta-feira é Greve Geral!”
Entre
os dois sujeitos – que tomavam Red Bull
ou Slow Cow, não sei ao certo – um perguntou
ao outro:
-
Vais trabalhar sexta-feira?
O
segundo responde: - Vou! Claro! Por que não?
-
Rapaz, eu também vou. Mas, tem gente que está sendo dispensado por causa de uma
tal de greve aí.
-
Não, lá na empresa não tem dessa não. Por que vai ter essa greve?
-
Parece que é alguma coisa da aposentadoria...
-
Esse pessoal não gosta de trabalhar.
Quase
interfiro na conversa dos desconhecidos, exemplificando como ficaria, ou
ficará, a previdência com a reforma; dizendo que as manifestações também são
contra a reforma trabalhista, que vem fragilizar os direitos dos trabalhadores
perante os patrões.
Mas...
Não me dispus. Me contive apenas na observação.
No
mesmo dia, na matineé, levei meu
filho Pedro ao médico. Consulta de rotina. Várias mães acompanhadas de seus
filhos na sala de espera.
Alguém
bocejou:
-
E sexta-feira?
-
Sexta-feira para tudo!
-É,
até a escola do meu filho vai parar, e é particular!
Mas
a conversa ficou só nisso. De fato, todos sabiam da greve nacional dia 28.
Ao
entrar no consultório, o médico fez o check
up de praxe, e, na conversa, comentou que não atenderia em seu consultório,
sexta, 28, e que a situação atual é “suprapartidária”; que todas as pessoas
estavam sendo atingidas, e vão pra rua se manifestar.
Deu
gosto de ver todas as pessoas pensando a política fora do período eleitoral, se
não, pensando, pelo menos, tangenciando.
Porém,
grande parte da população não está esclarecida do prejuízo de vida que será aos
trabalhadores, esta reforma trabalhista e a da previdência, e de certa forma
desnecessária, vide os rombos causados por várias empresas à previdência social.
O
cartoon acima, do meu amigo Brahim Darwich, é de uma inteligência
enigmática, que, no meu olhar, representa parte da população se mobilizando no enfrentamento
das reformas propostas pelo Governo Federal, e pedindo a saída da
personificação política delas, e outra parte, não inferior, completamente
alheia às transformações em curso, escravizadas pelas mídias sociais. Destacando, ainda, no olhar, a intolerância, com a postura política indiferente.
Sem
mais, #ForaTemer!
Nairo
Bentes
6 comentários:
Uma dura realidade esta que o País vem vivenciando, meu amigo. Acredito que você só foi eufêmico na divisa (meio a meio) da população politizada e da alienada pelas mídias. Heheh
Observo que a maioria da população desconheceu os reais motivos das manifestações.
Assim como você, passei por muitos lugares onde observei pessoas que não conseguiam sair dos achismos (eu acho que a paralisação é por causa da reforma da previdência, eu acho que é por causa da reforma trabalhista, eu acho... eu acho 😞) enquanto o povo se contenta a ler apenas pequenos textos no que se tornou o principal canal de comunicação deste país (facebook e whatsapp), onde estes micro resumos de, no máximo 150 caracteres, pois se passar disso perde o foco da massa..., enquanto isso os golpistas continuam avançando. Retrocesso do país ou ignorância do povo?
Esses dias eu estava conversando com meus alunos da UEPA sobre política. Uma aluna que deve achar q sou partidarista falou em bom tom "por isso que eu nao gosto de política". Eu, educadamente, resolvi explicar o sentido de política a partir de Atenas e seu contexto democrático. É interessante observar que muitos de nós reproduzimos essa mesma fala da aluna "não gosto de política"; talvez seja por isso que os politiqueiros oligárquicos que se encontram no poder fazem oque bem entendem. A população não sabe oque é participar da _polis_ e por isso vive apenas o _oikos_
Uma dura realidade esta que o País vem vivenciando, meu amigo. Acredito que você só foi eufêmico na divisa (meio a meio) da população politizada e da alienada pelas mídias. Heheh
Observo que a maioria da população desconheceu os reais motivos das manifestações.
Assim como você, passei por muitos lugares onde observei pessoas que não conseguiam sair dos achismos (eu acho que a paralisação é por causa da reforma da previdência, eu acho que é por causa da reforma trabalhista, eu acho... eu acho 😞) enquanto o povo se contenta a ler apenas pequenos textos no que se tornou o principal canal de comunicação deste país (facebook e whatsapp), onde estes micro resumos de, no máximo 150 caracteres, pois se passar disso perde o foco da massa..., enquanto isso os golpistas continuam avançando. Retrocesso do país ou ignorância do povo?
Esses dias eu estava conversando com meus alunos da UEPA sobre política. Uma aluna que deve achar q sou partidarista falou em bom tom "por isso que eu nao gosto de política". Eu, educadamente, resolvi explicar o sentido de política a partir de Atenas e seu contexto democrático. É interessante observar que muitos de nós reproduzimos essa mesma fala da aluna "não gosto de política"; talvez seja por isso que os politiqueiros oligárquicos que se encontram no poder fazem oque bem entendem. A população não sabe oque é participar da _polis_ e por isso vive apenas o _oikos_
Simples e direito: Não há consciência de classe!
O Colégio Gentil mandou uma carta se posicionando a favor dos trabalhadores, o que me deixou muito feliz. Falei da minha satisfação no grupo de pais e ninguém deu um "piu". É que muitos tem pequenos negócios com 2 ou 3 empregados e enxergam vantagem nas reformas trabalhistas. Triste ver o povo sempre sustentando os empresários.
Diretas já!
É isso mesmo, Nairo!
Infelizmente, parece que agora =e que estamos descobrindo a "guerra fria"... Cada um querendo assumir um lado, mas não pode ser o mais fraco.
A Globo mostra qual o melhor e o qual o pior.
E, assim, a vida segue, ou seguimos o que dizem o que é a vida?
Enquanto isso, as elites hegemônicas não se esforçam para "apontar" o rumo da nação, pois temos é um povo que segue ao ritmo da música "admirável gado novo" do Zé Ramalho:
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
Abraços e continue compartilhando os seus comnetários!!!
PS: O mestre Brahim é o mestre Brahim!!!
É isso mesmo, Nairo!
Infelizmente, parece que agora é que estamos descobrindo a "guerra fria"... Cada um querendo assumir um lado, mas não pode ser o mais fraco.
A Globo mostra qual o melhor e qual o pior lado.
E, assim, a vida segue, ou seguimos o que dizem sobre o que é a vida?
Enquanto isso, as elites hegemônicas não se esforçam para "apontar" o rumo da nação, pois temos é um povo que segue ao ritmo da música "admirável gado novo" do Zé Ramalho:
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!
Abraços e continue compartilhando os seus comentários!!!
PS: O mestre Brahim é o mestre Brahim!!!
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