Aqui usarei o fato da ocupação da Reitoria da Universidade do Estado do Pará (UEPA) apenas como tema gerador de discussão e reflexão.
No dia 24 de abril, quinta-feira, a UEPA teve sua Reitoria ocupada por estudantes que protestavam, entre outras coisas, contra a nomeação da Reitora pró-tempore Marília Brasil Xavier, pela Governadora. Reivindicavam, também, auditoria nas contas da UEPA, novas eleições, e fim da lista tríplice; após assembléia geral foi também incluída na pauta de reivindicações a luta pela paridade no CONSUN. A Reitoria da Universidade permaneceu ocupada até que no dia 25, sexta-feira, ocorreu uma assembléia geral dos Estudantes da UEPA a fim de decidir pelo fim ou não da ocupação e tomar outras deliberações de luta.
Na assembléia formaram-se dois grupos: um a favor e outro contra a ocupação da Reitoria. Os alunos que são oposição ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) que estavam na ocupação, eram estudantes filiados ao PSTU, ao P-SOL e estudantes da UFRA, UNAMA e UFPA. Os alunos que fazem parte do DCE/UEPA que fazem parte da UJS e do PCdoB eram contra a ocupação da Reitoria, e contavam com apoio de um bom número de estudantes da própria UEPA porém eram a favor das reivindicações propostas.
Infelizmente a Assembléia Geral tornou-se uma palhaçada, por culpa de ninguém, ou por culpa de todos. A Assembléia tornou-se uma briga entre partidos políticos, uns defendendo a ocupação outros gritando pela desocupação. Todos lutando por novas eleições, fim da lista tríplice, CONSUN paritário e Auditoria nas contas da UEPA. A única proposta conflitante entre os grupos do “ocupa” e “desocupa” era quanto à nomeação da Reitora pró-tempore, o que poderia ser superado. Todos lutavam pelo mesmo ideal.
Abrindo um parêntese, quem participa do movimento estudantil sabe que, hoje, inevitavelmente o partidarismo influencia muito nas decisões políticas, e que existe na verdade uma briga extrema pelo poder, independente de satisfação social ou não, o que importa é o Poder.
Porém, na esfera Estadual do movimento estudantil, tal disputa política não deveria influenciar tanto, se lutamos pelas mesmas coisas, para que achar um conflito para disputar, e enfraquecer a luta?
- O que você quer não é o melhor, nem a paz, o que você quer é disputar poder com eles.
- “Mas nós não vamos apoiar assim de graça um movimento deles. Só para fortalecê-los”.
Enfim, a desunião desarticulada só enfraquece o movimento. E o governo brinca de pira com os estudantes da UJS e do PSTU.
30.04.2008 BlogdoPelego
2 comentários:
quando militantes são filiados a partidos políticos, a luta deixa de ser uma organização de categoria e passa a ser uma parte dentro de um todo de ações articuladas para se chegar o poder, pois, como cada segmento acha que a sua organização é a mais avançada, deter o poder faria com que tivéssemos condições de implantar a nossa proposta de sociedade. Assim, cada movimentação é um instrumento para que um programa político seja impantado. Dessa forma,quando um acordo de pauta é quebrado (pois na uepa, em conselho, tínhamos aprovado essas pautas conjuntas) não podemos, de fato, participar de ações que não contemplam o nosso projeto político. Consideramos que a movimentação construida pelo PSTU atrasa nossos avanços quando uma ocupação barra a autidtoria conseguida pelos estudantes, faz ataque a um projeto mais avançado de gestão do estado, não contribui para a construção de alternativas a nossa universidade, se mostram oportunistas quando em momento de dificuldade surgem como salvadores da pátria. onde estavam em todos os outros momentos? quem faz esse jogo do 'quanto pior, melhor' é o esquedismo o pstu (que acha que a revolução surgirá desse gueto iluminado) e a extrema direita, que não tem interesse nenhum que esse governo dê certo. se olharmos de longe, as práticas desses dois grupos acabam sendo muito parecidas e de forma correta não vamos fortalecer o movimento do PSTU, pois assim estaríamos fortalecendo o movimento da direita, nossos veradeiros inimigos. e fazemos isso porque ESTAMOS ORGANIZADOS, temos projeto, ou, de outra forma, tudo se transformaria numa brincadeirinha de pira. Sabemos o que queremos, pra uepa e pros trabalhadores e trabalhadoras. É com essa perspectiva que trabalhamos.
Tal reflexão sobre o poder merece maiores comentários, mas não agora, por enquanto. O fato é que tal debate, simplificado a gritos de "ocupa" e "desocupa", desvirtua a necessidade de discussão.
Ao ponto de chegar um representante discente do interior do Estado em busca de esclarecimento e apoio na luta por problemas ímpares do interior, e este receber apenas justificativas da falta de objetividade política de uma ocupação esquerdista do PSTU.
Nairo Bentes
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