Talvez o nosso grande erro - quando digo "nosso", é na tentativa de
dizer que essa pode ser a postura de qualquer um, ou de todos - seja
pensar, ou querer que os parlamentares de nossa sociedade, de nosso
legislativo e executivo, sejam pessoas que pensam como nós. Por exemplo,
eu, Nairo Bentes, posso até escolher um candidato a vereador com o qual
eu tenha afinidade de concepções políticas e de sociedade, ele pode se
eleger e eu me sentir representado. Mas, não posso querer me sentir
representado pelos outros tantos vereadores, e muito menos achar que
eles não representam ninguém, ou querer que as pessoas votem no
candidato que eu achar melhor para elas.
Tem circulado nos últimos dias nas redes sociais, opiniões, defesas e
comentários negativos a respeito da filiação da Senhorita Andreza ao
PCdoB, na verdade, a respeito de uma possível candidatura da
menina-mulher à vereadora da nossa capital.
Antes de escrever aqui o que penso, relembro e informo quem por ventura
não saiba, que não sou mais filiado ao Partido Comunista do Brasil desde
2014, quando, após o primeiro turno da eleição presidencial, tomei a
decisão de me desfiliar do PCdoB e declarar meu voto crítico em Dilma,
naquele segundo turno. Só estou esclarecendo isso, para deixar claro que
minha opinião não é de alguém de dentro do PCdoB. Mas, exponho aqui tal opinião,
pois, me foi perguntado por amigos pessoas comuns, amigos militantes do
PSOL, e amigos filiados ao PCdoB. Ah! Outro destaque importante, também não conheço a Srta.
Andreza.
Primeiramente, não é de hoje que, o que também influencia quem são
nossos parlamentares eleitos é a fama e o carisma deles. Lá ou cá, temos
exemplos de que o que elege vereadores, certas vezes, é simplesmente a sua
popularidade midiática. O que mudou hoje em dia é que: é mais
rapidamente que se fica famoso. Na Era atual elegemos personagens do
tipo Robgol, por paixão clubística, Meg Barros da mídia
sensacionalista, Moa Moraes, que se "veste" de vermelho mas faz parte
de uma bancada evangélico-conservadora, e por aí vai. São legítimos
representantes do "povo brasileiro", digo, eles representam quem os
elegeu, e são espelhos sim, de seus eleitores.
A Srta. Andreza é um fenômeno midiático que emergiu nos últimos meses e
se apresentou com um carisma cômico, que de compartilhamento em
compartilhamento, tornou-se uma pessoa famosa, com muitas pessoas se
identificando com ela, pelo seu ar despojado, livre e festeiro. Faltando
apenas ela se libertar, e expor, ou até descobrir seus pensamentos
políticos para mais, ou menos, pessoas se identificarem com ela.
Lembrando que o pensamento político dela pode ou não ser igual ao meu, ou
igual ao seu, caro leitor. Se ela pensar ou agir diferente de você,
quem vai votar nela são pessoas diferentes de você, e ela vai
representá-los.
Talvez a contradição estivesse para o PCdoB, e não para a senhorita
Andreza. Pois, o PCdoB tem um discurso e uma tradição (embora um pouco
abalada) de representar trabalhadores na luta e reivindicação de
direitos e melhorias para tal. E aposta na Srta. Andreza com objetivos
claros: para que, possivelmente, ela se eleja; e para que, ela contribua
com o coeficiente eleitoral para eleger mais trabalhadores (tomara!) da
legenda.
É uma aposta menos arriscada que a do PSOL quando lançou Meg Barros
candidata. Pois, Srta. Andreza é Mulher, é Negra, é da Periferia, já
ocupa um lugar social em que tem uma facilidade maior de enxergar os
problemas e as opressões da sociedade, porque as vive! E é preciso
primeiro enxergar, para depois compreender e lutar para reverter as
desigualdades e combater as opressões.
Cabe agora à Srta. Andreza e ao PCdoB construir uma candidatura "Sem Embaçamento" & Com Embasamento, teórico, político e popular! Que fortaleça sua identidade de mulher,
negra, da periferia, e lute pelos seus!
Boa sorte!
Prof. Nairo Bentes
3 comentários:
Bom dia meu grande amigo e irmão, Nairo!
Achei seu texto bastante objetivo e esclarecedor, sob diversos pontos de vista, especialmente técnico e eleitoral. Mas daí a concordar com o q vc escreveu, já são outros 500.
"Mulher, negra e da periferia" não são adjetivos q qualifiquem essa cidadã, de codinome Srta. Andreza, a pleitear uma vaga na câmara legislativa de Belém. Neste quesito, há uma gama infinita de possibilidades q o PCdoB poderia encontrar e lançar representatividade no pleito eleitoral.
Por falar em representatividade, ela sim me representará (caso eleita for) da mesma forma q me sinto representado por Robgol, Wlad, Jader Barbalho... ainda q não tenha votado nestes caras. E isto é uma sensação de total asco, pois mostra o quanto nossa sociedade é involuída politicamente.
A questão do coeficiente eleitoral a qualquer custo é nefasta. Diria desprezível. Lançar mão desse artifício, sabendo q se trata apenas (repito, apenas), sem qualquer embasamento de ideais político, é macular um passado de lutas e conquistas.
Por falar em embasamento (neste caso, embaçamento), esta tal de Senhorita Andreza tem algum tipo de plataforma eleitoral? Ou apenas se rendeu ao jogo midiático e vai "testar sua popularidade" nas urnas? Se for a segunda opção, é mais lamentável ainda ter sido acolhida pelo PCdoB.
Ter alguém, q aparentemente não tem nada a oferecer à sociedade e cujo platô se baseia em festinhas e consumo de drogas e álcool, como minha/nossa representante legislativa, para mim, é inominável.
Com o perdão da presente resposta discordante (talvez malcriada em alguns pontos), mas nem com um esforço tremendo de consciência - visar o coeficiente eleitoral para eleger candidaroa descentes - não consigo concordar com essa postura do PCdoB. Creio q este foi o maior tiro no pé na bela história do Partido Comunista do Brasil no Pará. Esta senhorita, a quem chamas de "mulher, negra, da periferia", desde logo, não me representa.
Bom dia meu grande amigo e irmão, Nairo!
Achei seu texto bastante objetivo e esclarecedor, sob diversos pontos de vista, especialmente técnico e eleitoral. Mas daí a concordar com o q vc escreveu, já são outros 500.
"Mulher, negra e da periferia" não são adjetivos q qualifiquem essa cidadã, de codinome Srta. Andreza, a pleitear uma vaga na câmara legislativa de Belém. Neste quesito, há uma gama infinita de possibilidades q o PCdoB poderia encontrar e lançar representatividade no pleito eleitoral.
Por falar em representatividade, ela sim me representará (caso eleita for) da mesma forma q me sinto representado por Robgol, Wlad, Jader Barbalho... ainda q não tenha votado nestes caras. E isto é uma sensação de total asco, pois mostra o quanto nossa sociedade é involuída politicamente.
A questão do coeficiente eleitoral a qualquer custo é nefasta. Diria desprezível. Lançar mão desse artifício, sabendo q se trata apenas (repito, apenas), sem qualquer embasamento de ideais político, é macular um passado de lutas e conquistas.
Por falar em embasamento (neste caso, embaçamento), esta tal de Senhorita Andreza tem algum tipo de plataforma eleitoral? Ou apenas se rendeu ao jogo midiático e vai "testar sua popularidade" nas urnas? Se for a segunda opção, é mais lamentável ainda ter sido acolhida pelo PCdoB.
Ter alguém, q aparentemente não tem nada a oferecer à sociedade e cujo platô se baseia em festinhas e consumo de drogas e álcool, como minha/nossa representante legislativa, para mim, é inominável.
Com o perdão da presente resposta discordante (talvez malcriada em alguns pontos), mas nem com um esforço tremendo de consciência - visar o coeficiente eleitoral para eleger candidaroa descentes - não consigo concordar com essa postura do PCdoB. Creio q este foi o maior tiro no pé na bela história do Partido Comunista do Brasil no Pará. Esta senhorita, a quem chamas de "mulher, negra, da periferia", desde logo, não me representa.
E aí é que está, meu grande amigo e irmão, Carlos Queiroz, ela não lhe representa. Se há algo errado em sua candidatura, não é a figura dela, é a sociedade, nossa população, nossa criticidade, nossa educação. O que precisa mudar então, não é quem se propõe, e sim quem vota. O problema não é, estes, que você citou, ocuparem lugar de representantes, o problema é eles representarem sim, como pensa parte da população, são legítimos. Não são?
Quanto à questão do coeficiente eleitoral, creio que cabe ao povo se esclarecer para tal, saber como funciona, cada cidadão na sua individualidade, precisa saber que não elege apenas aquele em quem vota, elege outros juntos, logo quando escolher seu voto deveria fazer com base na análise de toda a legenda ou coligação. Na última eleição pra deputado federal, quando eu ainda era filiado ao PCdoB, não votei em Jorge Panzera por perceber que o voto nele, em virtude de sua coligação, elegeria Hélio Leite, Beto Salame e por aí vai.
Sobre a plataforma política da Srta. Andreza, também estou no aguardo.
Sobre minha descrição dela como "Mulher, Negra, e da Periferia" só a destaco pois, todo ponto de vista, depende do "Ponto" em que você olha, em que você vive. Não a conheço, mas espero que seus posicionamentos sejam de acordo com o lugar social que ela ocupa.
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