No dia da votação do "impeachment" compartilhei no face o trecho de uma música que, no meu olhar, representa bem o momento político que vivemos hoje.
"Nos perderemos entre monstros, da nossa própria criação. Serão noites inteiras, talvez com medo da escuridão. Ficaremos acordados, imaginando uma solução, pra que esse nosso egoísmo, não destrua nosso coração."
Que a meu ver nem precisaria de explicação para entendermos quais seriam estes monstros, já que, como diz a letra, nós mesmos os criamos.
A escuridão se dá, quando após aquele atípico dia na câmara federal, - em que quase todos os deputados trabalharam num domingo - no dia seguinte, a reflexão que as pessoas estávamos fazendo é: "Olha como são os nossos deputados!" Quando, na verdade, a reflexão que deveríamos estar fazendo é: "Olha como nós somos!"
Aí, você, caro leitor, pode dizer: "Não, pera, o Wlad não me representa! De jeito nenhum!"
Pior é que representa! Foi eleito! Primeiro se candidatou, e depois foi eleito.
Eu, Nairo Bentes, posso ter votado no Edmilson Rodrigues, e ter compatibilidade de ideias com ele. Mas, no momento de qualquer decisão, ou discurso, lá na câmara, quem também está fazendo as vozes da nossa população, logo, minha, também é o Wladimir Costa.
Nós podemos não nos sentir representados em ideias, mas ele está lá para nos representar.
Outro ponto importante a discutir, é a necessidade de uma reforma política, em que o povo passe a saber que vota em grupos, ideias, partidos, coligações de ideias e/ou partidos. E não vota em pessoas. Ou será que aquele trabalhador paraense que votou no comunista Jorge Panzera, com esperança e confiança no trabalho dele, sabe que elegeu o Democrata Hélio Leite com o seu voto? Tinha que pelo menos saber, para "pensar" que pode cobrar dele algo.
Em rodas de conversas de amigos e conhecidos, quando juntam-se três pessoas, o assunto da roda já se torna a votação do prosseguimento do processo de impeachment.
A população tem um sentimento misto, meio sem definição, dizendo de forma eufêmica.
Na sala dos professores da escola da rede estadual na qual trabalho. Chego. Sento em meio à roda. E o assunto já está na mesa. Em que nossos colegas, falando com ar de indignação contra a "corrupção", diziam que a "Dilma" e o "petê" têm é que sair mesmo!
Uma professora disse, que ela já carregara bandeira do petê de graça, e que agora, ela jamais faria isso novamente, que tem é que pensar nela, e pronto!
"Todos concordam. Fora Petê!"
O outro emenda: "Vocês viram as falas daqueles deputados? 'Pela minha família, pela minha neta, por deus, pelo meu vizinho'!"
Uma terceira diz: "E aquele Wlad? Ridículo! Pensa que está no trio elétrico!" A primeira retruca: "E aquele Bolsonaro?! Louco!?"
E eu, até então apenas ouvindo tudo aquilo, pois tenho apenas uma semana naquele ambiente de trabalho. Não me contive, e comentei: "-Mas, todos esses deputados que vocês estão falando, discordando, foram os que votaram pelo impeachment. Que vocês querem!"
Foi o suficiente, o silêncio pairou, e logo alguém mudou de assunto.
Mas enfim, os acontecimentos atuais causam revolta e indignação.
O golpe, que na minha interpretação não é inconstitucional, mas não deixa de ser golpe, está a caminho.
Pois, os deputados tinham que votar, a luz do que consideram ou não, crime de responsabilidade, e não pelas suas famílias, pelos seus filhos.
Ver e ouvir aqueles deputados causa revolta, mas não é aquela revolta de se sentar "no trono de apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar", zapeando a televisão e falando mal da globo, da Dilma e dos deputados, não se propondo a lutar. A vontade é de ir pra rua, ir pra luta e, caro leitor, eu confesso, deu aquela vontadezinha de se propor. Pois, se falamos mal de nossos representantes, temos que nos propor a sê-lo.
Pra finalizar, a melhor charge desse fim de semana "politizado" foi a do meu amigo Brahim Darwich, que segue abaixo e vou passar a divulgar aqui. Trocadilho genial sobre o que importa e aonde estamos. Até logo. Comentem à vontade. Comentem no blog! Cliquem nas reações abaixo da postagem.
Obrigado.
Prof. Nairo Bentes
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