quinta-feira, 28 de abril de 2011

Entre a prosa e a poesia...

Meu amigo e camarada, quando li este Poema quase imediatamente pensei em tecer comentários e interpretações sobre ele. Mas depois pensei melhor, e preferi reproduzi-lo de maneira intacta neste espaço, para que todos tenham oportunidade de, com suas próprias imaginações, perceber em poesia o que inicialmente parece apenas uma prosa. 
Um abraço! 
Nairo Bentes

QUASE SEMPRE

Por Rafael Pacheco
Quase sempre pairam sensações das quais procuro há muitos,
Nem sempre me correm explosões imensuráveis que prefiro que se percam,
      Pareço muitas vezes dominante, espalhado pelo mundo, e dominado por aquilo que afeta o afeto, o comportamento, o minuto, o segundo, e me vem martelejar a mente que às vezes demonstra o cansaço de quem passou o dia na labuta,
Na batalha de si mesmo por um espaço ao nada, ou pra quem vive o onipresente do dia a dia refletido em dores, das quais temos que guardar nos bolsos, engolir, saborear e nos ver sendo o vômito que acaba por sair.
É bom ter nome, é por direito ser homem, é indiligência o que se vê, e indignoso tal viver, porém é inderrotável tal querer.
Poderíamos nos chamar lázaro? Há quantos lázaros entre nós?
Há poucos meios, mas muitos fins. Fins de vidas, meios que buscam a alucinação frenética por aquele prato, por uma sede infinita sem ter quase nada de água, porém muita água ardente pra se comemorar nos feriados, nas avenidas da vida, nas travessas botequins, nas ruas de samba, nas rodas de bambas.
E pra se lembrar na segunda-feira de cabeça inchada, de coração aberto, de câncer curado, de bem me quer e mal me quer aprimorados.
Tentamos quase sempre obstar a obsessão observada de nós mesmos, suicídio?
Quebrando paradigmas, carregando parafernálias e tentaremos “para” com o seu eu, ou “para” com o próximo fazer aquilo que chamamos de parir bondade.
Tem tanta coisa estranha nesse mundo de hoje, e tem tanto mundo de hoje nessas coisas estranhas, que chegam a me confundir e me questionar cada vez mais. Ah, mas eu adoro me questionar, só não acho legal quando falta energia, aliás, falta energia quase sempre aqui no bairro.
Na falta, falta muito, mas coragem nunca me faltou, quase sempre me falta uma inclinação e quase sempre o quase tudo é quase nada, assim o poeta diz, e assim fica por dizer.
Carrego-me com a vida, a família aguerrida e sem plano de saúde, sem nem mesmo educação, mas devoro a vida assim devagarzinho e que não me falte amor, e me deixem à capacidade de fazer mais.
Toca mais um samba aí, por favor!   

terça-feira, 26 de abril de 2011

"A gente muda o mundo na mudança da mente"




"Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve
Você pode e você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu
Num quer dizer que você tenha que sofrer
...
Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
...
Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar
Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar"

(Gabriel, O Pensador)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Parabéns Metal Art Studio

Domingo aconteceu a 1ª Ação  Social da Metal Art Studio no bairro do Guamá. Entre as atividades ocorreram oficina Graffiti para a juventude do Bairro, 200 cortes de cabelo para comunidade, e apresentação dos grupos de rap Revolução do Norte e Trilha do Canal, além de apresentação do DJ Vitor Pedra, aquele que toca lá no Açaí Biruta.

O objetivo da Ação Social foi mostrar para a sociedade um pouco da arte da Graffitagem e da cultura hip hop, como ações de resistência social e desmitificar a imagem de bairro marcado unicamente pela violência.

Parabéns para o meu amigo Sandro Metal.

Nairo Bentes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Prosa & Poesia. Luta & Revolução.

Quando eu era mais novo, criança ainda, não sabia a diferença entre prosa e poesia. Na verdade, fiquei um bom tempo sem saber... Uma vez, na escola, uma professora disse que Poesias eram escritas em formas de versos, e Prosas em textos com margem determinada. Talvez ela não tenha dito exatamente isso. Mas essa informação que guardei. No mesmo instante um colega de sala falou o que entendia por Prosa. Ele disse:
"- Prosa é assim... Quando alguém chega contigo e fala: 'Vamos bater uma Prosa'. É conversar, bater um papo. Isso é prosa."
Anos depois falaram que poesia tem sentimento. Não necessariamente aqueles sentimentos de paixões ou amor. Poesia não é só isso. Poesia é quando tu lês um texto, mesmo em prosa, e nele sente emoção. Por exemplo, o pequeno texto que Manuela D'Ávila intitulou "Água mole em pedra...". Nele, conta a história de um Homem, que dedicara sua vida à luta. 
Um homem capaz de mudar tudo, tudo adequar para estar ali, sentado, orientando novos alunos e, portanto, novos professores. Alguém que cozinhava guizado com milho para servir aos que lotavam o apartamento tirando dúvidas nos finais de semana. Um homem que fez inimigos por não topar vender o conhecimento nem quando o salário pago, nos governos FHC, mal dava para tirar férias com os filhos. (Fonte: Blog da Manu)
Não sei qual o significado que Poesia tem no dicionário, nem prosa. Mas afirmo, que a prosa vira poesia quando consegue nos cativar com sua leitura.
Deste homem ouvi uma frase que me deixou reflexiva. Disse ter muita vontade de se aposentar, disse que está cansado, que as mudanças na universidade são lentas demais. Fiquei apreensiva. Será que de tanto bater na pedra, a água também desiste e pode ficar dura? Ou quantos mares precisam bater em pedras para que elas mudem de lugar?
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Assim espero. Mesmo que a minha velhinha de Taubaté tenha, provisoriamente, desistido, espero que os netos dela sigam vivos e fortes mudando a cara da universidade pública e a fazendo a cara de nosso povo, com todas as cores, com toda a diversidade
E contribuindo para o Brasil se desenvolver.(idem)
Só faltou ela concluir assim: "Não deixando o Samba morrer!". E assim como a Prosa vira Poesia, quando consegue emocionar, a Luta vira Revolução quando aquele que luta consegue fazer com que seu sentimento seja coletivo, ao mesmo tempo plural, por agregar tantas pessoas em volta desse ideal, e singular, por ser único.

Quando li essa pequena prosa de Manu, que para vocês talvez nem seja poesia, lembrei de uma música, que canta a revolução. Que canta a luta contínua do povo brasileiro. Que expressa que não acreditamos apenas em nós individualmente, e sim, em nós coletivamente.

Composição : Edson Conceição / Aloísio
Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem agüentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Eu vou ficar
No meio do povo, espiando
Minha escola
Perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final...

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

E assim é o sentimento que Manu fala. À todos que lutam, ratifico: Não deixem o Samba morrer, não deixem a luta parar. E como disse o Camarada Che:
"O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de Amor!"
Um abraço!
Prof. Nairo Bentes

domingo, 10 de abril de 2011

O melhor Show que o Belém do Pará vai ver hoje...

Daniela Mercury, Elba Ramalho, Margareth Menezes & Paula Lima, cantando só Chico Buarque.

20h no Hangar....

sábado, 2 de abril de 2011

"Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem!"



Quantas vezes eu estive
Cara a cara com a pior metade?
A lembrança no espelho,
A esperança na outra margem
Quantas vezes a gente sobrevive
À hora da verdade?
Na falta de algo melhor
Nunca me faltou coragem
Se eu soubesse antes o que sei agora
Erraria tudo exatamente igual...
Tenho vivido um dia por semana Acaba a grana, mês ainda tem
Sem passado nem futuro,
Eu vivo um dia de cada vez
Surfando karmas e dna
Eu não quero ter o que eu não tenho
Eu não tenho medo de errar!
Surfando karmas e dna
Não quero ser o que eu não sou
Eu não sou maior que o mar...
Na falta do que fazer, inventei a minha liberdade!
(Surfando Karmas e DNA)
Composição : Humberto Gessinger

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sobre Dilma, Religião, Iron Maiden, Samba e Ditadura.

Hoje, poucas horas atrás, Tuitei, ou melhor, Retuitei uma mensagem concordando com a ação da Presidente Dilma em solicitar que retirassem os crucifixos do planalto. Alguns pontos a explicar:
  • Não sei se Dilma é ateísta;
  • Sim, o Estado Brasileiro é Laico, independendo da religião da presidente. Mesmo que ela seja católica, o Planalto não é a casa dela;
  • Sim, os brasileiros não são todos da mesma religião ou crença. Nem todos veem significado num crucifixo.
Como disse em seu Blog Fatos Sociais, Theófilo Rodrigues: 
É assim que deve funcionar um Estado laico. Será que algum dia os Estados Unidos da América seguirão pelo mesmo caminho? Aliás, vale lembrar que os EUA sempre acusam os países inimigos de serem religiosos. Está na hora de olharem para o próprio umbigo.
 Enfim, concordo com a retirada. Por falar em religião, hoje tem show do Iron Maiden em Belém. Várias pessoas me perguntaram se eu não ia. O diálogo era mais ou menos este:
- Eaih! Vais pro show do Iron??
- Não, não vou cara.
- Por que cara?
- Eu não gosto de Iron...
- Não gosta? Como assim?
- É. Não curto. Gosto de Samba. xD
- Ah. Tá brincando.
Depois de tanta gente me perguntar e eu afirmar que gosto é de Samba, e as pessoas se admirarem, cansei. Agora eu tô dizendo que não tenho dinheiro:
- Fala Nairo!
- Fale!
- Tô te ligando por que eu tenho certeza que tu vais pro show do Iron.
- Pow! Não, não vou!
- Égua! Por que cara? Assim tu não vais pro inferno cara!!!
- (silêncio)
- Não vai ter entrada no inferno cara...
- Pow. Tô sem grana.
- Cara, é só cem reais!
Pior é que eu não tenho grana mesmo. Mas, se eu gostasse, quiçá daria um jeito. Perceberam que eu fiquei sem palavras quando ele me disse que não teria entrada garantida no inferno? No céu eu sei que tem nuvem... no inferno o que terá?

Bom, eu gosto é de Samba. Chico Buarque, Paulinho da Viola, Cássia Eller, Marisa Monte, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, D2, Los Hermanos. Também gosto de Rock. Perceberam, né? \o/. Mas metal eu não curto muito não.

Ah! Outra importante ação de Dilma foi ordenar o Exército a se calar e não comemorar dia 31 de março, representativo do golpe de 64. Não comemorarás a Ditadura!!

Um abraço!!!
Nairo Bentes