terça-feira, 12 de abril de 2011

Prosa & Poesia. Luta & Revolução.

Quando eu era mais novo, criança ainda, não sabia a diferença entre prosa e poesia. Na verdade, fiquei um bom tempo sem saber... Uma vez, na escola, uma professora disse que Poesias eram escritas em formas de versos, e Prosas em textos com margem determinada. Talvez ela não tenha dito exatamente isso. Mas essa informação que guardei. No mesmo instante um colega de sala falou o que entendia por Prosa. Ele disse:
"- Prosa é assim... Quando alguém chega contigo e fala: 'Vamos bater uma Prosa'. É conversar, bater um papo. Isso é prosa."
Anos depois falaram que poesia tem sentimento. Não necessariamente aqueles sentimentos de paixões ou amor. Poesia não é só isso. Poesia é quando tu lês um texto, mesmo em prosa, e nele sente emoção. Por exemplo, o pequeno texto que Manuela D'Ávila intitulou "Água mole em pedra...". Nele, conta a história de um Homem, que dedicara sua vida à luta. 
Um homem capaz de mudar tudo, tudo adequar para estar ali, sentado, orientando novos alunos e, portanto, novos professores. Alguém que cozinhava guizado com milho para servir aos que lotavam o apartamento tirando dúvidas nos finais de semana. Um homem que fez inimigos por não topar vender o conhecimento nem quando o salário pago, nos governos FHC, mal dava para tirar férias com os filhos. (Fonte: Blog da Manu)
Não sei qual o significado que Poesia tem no dicionário, nem prosa. Mas afirmo, que a prosa vira poesia quando consegue nos cativar com sua leitura.
Deste homem ouvi uma frase que me deixou reflexiva. Disse ter muita vontade de se aposentar, disse que está cansado, que as mudanças na universidade são lentas demais. Fiquei apreensiva. Será que de tanto bater na pedra, a água também desiste e pode ficar dura? Ou quantos mares precisam bater em pedras para que elas mudem de lugar?
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Assim espero. Mesmo que a minha velhinha de Taubaté tenha, provisoriamente, desistido, espero que os netos dela sigam vivos e fortes mudando a cara da universidade pública e a fazendo a cara de nosso povo, com todas as cores, com toda a diversidade
E contribuindo para o Brasil se desenvolver.(idem)
Só faltou ela concluir assim: "Não deixando o Samba morrer!". E assim como a Prosa vira Poesia, quando consegue emocionar, a Luta vira Revolução quando aquele que luta consegue fazer com que seu sentimento seja coletivo, ao mesmo tempo plural, por agregar tantas pessoas em volta desse ideal, e singular, por ser único.

Quando li essa pequena prosa de Manu, que para vocês talvez nem seja poesia, lembrei de uma música, que canta a revolução. Que canta a luta contínua do povo brasileiro. Que expressa que não acreditamos apenas em nós individualmente, e sim, em nós coletivamente.

Composição : Edson Conceição / Aloísio
Quando eu não puder
Pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem agüentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar

Eu vou ficar
No meio do povo, espiando
Minha escola
Perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final...

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, pra gente sambar

E assim é o sentimento que Manu fala. À todos que lutam, ratifico: Não deixem o Samba morrer, não deixem a luta parar. E como disse o Camarada Che:
"O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de Amor!"
Um abraço!
Prof. Nairo Bentes

5 comentários:

Anônimo disse...

Quem escreve com tanto entusismo da luta de classe , da luta coexistencia , não pode ser menos que um poeta/ um escreviador de palvras que nos toca a alma e o espírito.
*Ficou massa a capa "assim pude visualizar melhor o revolucionario intelectual sem aquela cabeleira...

Unknown disse...

Você consegue muito mais que cativar, consegue empolgar as pessoas com o que escreve, sua PROSA com linguagem simples, pode ter certeza, virou POESIA. E acho que você se identificou com o texto da Manuela, eu achei a tua cara.

Esses dias li uma frase do Peter Drucker que dizia "O futuro das organizações - e nações - dependerá cada vez mais da nossa capacidade de aprender coletivamente."

Bia disse...

Gostei da nova capa do blog, muito mais parecida com você (e ainda com a "cabeleira")! :)
E o texto mais uma vez lembra que é possível lutar pela "revolução", sem perder a essência.
Muito bom! :)

Bissigo Ricco disse...

Aqui tambem cito a Dep. Manuela D'Ávila, mas faço com muita tristeza.

Acompanhei o PC do B em Novo Hamburgo Rs por 14 anos.

http://bissigoricco.blogspot.com/p/65.html

Nairo Bentes; disse...

Obrigado pelos comentários.