Por Nairo Bentes
E então Professor, o que mudou nesses cinco anos desse post? A Revolução aconteceu? E os atores mudaram? Ou estás esperando que "Se Deus quiser, a educação neste país vai..." (C.S.)
Na última quarta-feira publiquei um texto no blog que foi escrito em 2006. Eu nem esperava, mas a principal reação de alguns leitores foi indagar se de lá pra cá alguma coisa mudou, ou melhor, o que mudou de lá pra cá, já que com certeza alguma coisa mudou.
O comentário em destaque acima, feito pelo meu amigo Carlos Sacramenta, apenas representa o que vários outros leitores perguntaram pelo msn. Importante frisar logo de início, que o texto – no qual simulo um diálogo com Deus – foi escrito em um momento de tomada de consciência. Ora,
Será necessária uma grande perspicácia para compreender que as ideias, os conceitos e as noções dos homens – numa palavra, sua consciência – se modificam com toda modificação sobrevinda em suas condições de vida, em suas relações sociais, em sua existência social? (MARX & ENGELS, 2009, p. 79)
Como pensa Marx, a tomada de consciência do homem pode libertá-lo da passividade, possibilitando uma ação revolucionária capaz de transformar a sociedade. (OLIVEIRA & FEREIRA, 2011). Eu, realmente, fui militante estudantil e participei de congresso da UNE desde 2003. Mas afirmo que somente em 2006 tomei consciência do meu papel e minha posição nas relações de classe.
O texto mostra também, sutilmente, uma ruptura com o dogmatismo religioso. Quando mostra que a partir daquele momento Deus se ausenta e não dá soluções para os problemas enfrentados e para as diferenças existentes entre as escolas das mulheres de branco (Privadas), as escolas públicas, e as Escolas azuis (Universidades). Como disseram Marx & Engels (2009), a religião é um dos tantos convencionalismos, atrás dos quais se escondem outros tantos interesses burgueses. Isso já responde uma das indagações.
Refletindo agora às outras indagações dos leitores, o que mudou sobre as afirmações que o texto traz?
Realmente o sistema escolar é viciante, existem cânceres como o exemplo que dei, onde os professores fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem, e os professores fingem que acreditam. De lá pra cá, a revolução não aconteceu. Eu, sinceramente, não meço esforços para que a cada dia alunos e professores tomem consciência de que nós cumprimos um papel importante, capaz de mudar esse vício, de curar esse câncer.
De lá pra cá o que mudou? Acho que na época estava tão espantado e revoltado de como funcionava o sistema, que chegava a colocar a culpa integral nos meus colegas professores, como se eu não fizesse parte disso. O que mudou foi que agora enxergo os outros vários fatores que devem ser combatidos para acabar com esse vício, não só a tomada de consciência em si. Como por exemplo, a implantação de políticas públicas destinadas à educação, juventude e trabalhadores, nos seus mais diversos alcances: merenda escolar, valorização profissional, compreensão sobre o papel da escola, primeiro emprego, etc.
REFERÊNCIAS
MARX, K. ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. (Texto Integral). 2.ed. São Paulo: Editora Escala, 2009. (Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal). Tradução de: Antônio Carlos Braga.
BENTES, N. Eu aprendo a fingir... Blog do Prof. Nairo Bentes, 2011. Disponível em: .
OLIVEIRA, F. B. FERREIRA H. S. C. A. Desigualdade Social. 2011. Acesso em: 23 de jul. de 2011. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/58631/1/DESIGUALDADE-SOCIAL/pagina1.html>.
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